A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de diminuir a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 pontos trouxe resultados imediatos no preço do crédito. Logo após o anúncio da medida, na terça-feira, dois dos principais bancos em operação no país definiram reduções nas taxas de juros das principais operações de crédito.
Maior banco público do país, o Banco do Brasil reduziu em 4 pontos percentuais os juros cobrados por mês no rotativo do cartão de crédito. Conforme o BB, a medida antecipa mudanças que serão aplicadas a partir de abril, quando o crédito rotativo não poderá exceder 30 dias de duração. Após o período, o valor será automaticamente parcelado.
As demais operações do banco tiveram queda mais modestas. O cheque especial teve redução de 0,09% ao mês, enquanto linhas voltadas para o setor empresarial caíram 0,25%.
De acordo com a Caixa Econômica Federal, a mudança na Selic tem impacto imediato em créditos com taxas de juros pós-fixadas e atreladas aos Certificados de Depósitos Interbancários (CDIs), que representam 40% das operações livres. O banco fará uma avaliação em sua carteira de crédito para verificar a chance de reduzir os juros de forma direta.
Entre os bancos privados, o Bradesco foi o primeiro a anunciar queda nas taxas. Em nota, a instituição informou redução de 6 pontos percentuais nos juros do rotativo em todas as linhas de cartão de crédito. No caso do crédito pessoal, o índice mínimo passou de 2,84% para 2,78% ao mês, e o máximo de 7,78% para 7,72% ao mês.
Conforme o Sicredi de Lajeado, mais da metade das operações de crédito realizadas pela cooperativa é por meio da modalidade pós-fixada, cujas taxas são ajustadas automaticamente seguindo o índice Selic.
Uma reunião na próxima semana deve definir as taxas pré-fixadas, de acordo com as tendências do mercado. Conforme o Sicredi, por se tratar de uma cooperativa de crédito, a instituição consegue praticar tarifas mais competitivas na comparação com os bancos públicos ou privados.
Recuperação lenta
O Copom decidiu diminuir a taxa básica de juros visando acelerar a recuperação da economia após dois anos consecutivos de queda no PIB. A terceira redução consecutiva derrubou a Selic para 13% ao ano, menor nível desde abril de 2015, mais quase o dobro do índice registrado entre 2012 e 2013, de 7,25%
Desde então, o percentual subiu gradualmente até alcançar o maior índice em julho de 2015, quando chegou a 14,25%. Conforme o comunicado do comitê, a queda na inflação e a demora para a retomada da economia contribuíram para a decisão de praticar cortes mais agressivos nos juros.
No fim do ano passado, o governo federal anunciou mudanças na política de juros. A intenção é reduzir a taxa básica para 10,5% ainda em 2017, sendo que os principais cortes ocorreriam ainda no primeiro semestre.
SELIC
A taxa básica de juros é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. Quando o índice inflacionário sobe acima do previsto, o governo costuma aumentar os juros para forçar uma redução na atividade econômica e frear o aumento de preços.
A Selic é usada em negociações de títulos públicos e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reduzir a taxa básica, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas abre margem para o crescimento inflacionário.