Desenhar e escrever, por vezes, fazem parte de mundos distintos. Para alguns, nada têm a ver. Mas para Maiara Cristina Bauer Leonhardt, 21, palavra e traço se complementam. Além de ser vendedora e estudante de Design, a moradora de Teutônia tem o dom de desenhar letras. Na ponta da caneta, do giz ou do lápis, ela transmite o que sente. Dá forma, contornos e características diferentes a cada letra, o que permite várias interpretações de uma mesma frase. Para cada pessoa, o conjunto de palavras e desenhos ganha um sentido.
De forma técnica, o trabalho feito pela jovem é chamado de lettering, letreiro em português. Um tipo de expressão gráfica que parte do conhecimento popular, e cada vez mais ganha espaço na publicidade e até na arquitetura urbana.
Com o avanço da tecnologia, é possível desenvolvê-la direto do computador, mas Maiara prefere a prática manual. “Quando tenho um tempo livre, ao meio-dia, nas noites que não tenho faculdade, ou qualquer outra oportunidade, tenho sempre meu sketchbook comigo e fico desenhando.” As inspirações para o desenho são inúmeras. “Às vezes são frases que tiro de algum livro, do cotidiano, de alguma situação local.”
Do hobby ao trabalho
Ela nem lembra quando o encanto pelas letras começou. Na infância, desenhava apenas palavras soltas em cantos de cadernos ou rascunhos. “Desde pequena desenhava nomes e qualquer palavra que vinha ‘na cabeça’. Nunca fiz curso, mas sempre gostei disso.”
O trabalho divulgado nas redes sociais tornou o hobby um trabalho. Desde então, a jovem já foi contratada para pintar desde quadros, cartões de visita, convites, cardápios e até paredes. Duas delas em uma cafeteria.
No curso de Desing, aprende a teoria e foca nas novidades. “Temos cadeiras de desenho onde sempre aprendemos mais, novas técnicas, com novos materiais de desenho e pintura. É algo que me move”, conclui.
Alegria
Para Roberta Pinheiro, o trabalho da Maiara é uma tradução do diferente. Ela é proprietária da cafeteria de Lajeado, onde uma das paredes foi coberta por letras desenhadas. “Queríamos algo a mais sem pesar o ambiente, e ela conseguiu fazer isso.” As referências para a elaboração da parede de lousa vieram de estabelecimentos da grande São Paulo e da Europa, como algo moderno, aberto a mudanças. Mas aqui ganharam tom único. “É uma das primeiras coisas que as pessoas reparam quando entram aqui. Nos transmite muita alegria.”
Diferenças técnicas
Maiara explica que há diferença entre lettering e tipografia. A tipografia consiste no ato de escrever com caracteres pré-fabricados, a combinação e disposição dos tipos.
Já o lettering pode ser descrito como “a arte de desenhar letras”. Considerada por estudiosos como design vernacular, a técnica se apropria de expressões gráficas do cotidiano para produzir emoção por meio de algo autêntico e espontâneo, sem formas ou padrões pré-estabelecidos.