Devoção  pela natureza

Caminhos

Devoção pela natureza

A lajeadense Tuane Eggers e amigos percorrem até fevereiro os caminhos da América Latina

Devoção  pela natureza
Vale do Taquari

Nas alturas, o passo lento ajuda a manter o trote. Mascar folhas de coca também. O fôlego, porém, se esvai com as paisagens da América Latina. “Irrecuperável e inesquecível”, relata a lajeadense Tuane Eggers, que viaja com um grupo de amigos desde outubro.

De carro, eles seguem a viagem até fevereiro. No caminho, paradas pelas cidades de Resistencia, Salta, Purmamarca e Tilcara (Argentina), Tupiza, Sucre, Potosi, La Paz, Copacabana e Isla del Sol (Bolívia) e Puno, Cusco e Urubamba (Peru).

Tuane passou dois meses vivendo em Cusco, no Peru. Agora fica até fevereiro em La Paz. “Conhecer as paisagens por vias terrestres é algo fantástico, pois podemos observar muitos detalhes que talvez passariam despercebidos de outras formas.” O trabalho feminino é um dos comportamentos que chama a atenção dos amigos. “É muito mais intenso: as mulheres carregam muito peso, em todos os sentidos. Percebemos também que os bolivianos parecem valorizar mais as relações humanas, sem tanta indiferença à presença do outro.”

O grupo teve a sorte de vivenciar os festejos do Dia dos Mortos. “Uma das experiências mais bonitas dos últimos tempos: lembrar da morte para celebrar a vida”, recordaTuane.

Enquanto estiveram no Peru, também deram a volta em uma das diversas montanhas que compõem a Cordilheira dos Andes, a Ausangate, numa intensa caminhada de quatro dias. “Foram as paisagens mais lindas que já vi. Pude compreender um pouco mais sobre a devoção dos andinos pela natureza, pela Pachamama: as montanhas são mesmo deuses.”

Os jovens pretendem conhecer outras paisagens bolivianas, mas os planos sempre podem mudar. “O mínimo necessário para viajar é ser humilde, principalmente se você vive no sul do Brasil ou qualquer outro lugar que traga aparência e descendência de colonizadores.” Tuane, que é fotógrafa, sente na pele o intenso desejo de registrar tudo o que é diferente, mas observou que fazer fotos de pessoas também pode ser algo sutilmente violento. “As câmeras nunca serão capazes de captar toda a beleza do que aconteceu.”

Acompanhe
nossas
redes sociais