Cinco picadas de jaracaca  registradas em uma semana

Vale do Taquari

Cinco picadas de jaracaca registradas em uma semana

Coordenadoria de Saúde alerta para escassez do soro antiofídico

Cinco picadas de jaracaca  registradas em uma semana
Vale do Taquari

A 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) alerta para os recorrentes casos de picadas de cobras venenosas desde o fim do ano passado. De acordo com a equipe de Vigilância Epidemiológica, foram pelo menos cinco ocorrências com jararacas em um período de sete dias. A maioria foi registrada em áreas rurais. Último caso foi registrado nessa quinta-feira, na região alta, em Encantado.

De acordo com o coordenador da 16ª CRS, Ramon Zuchetti, a região sofre com a escassez do chamado soro antiofídico, utilizado em vítimas de picadas de cobras. Segundo ele, o soro é o único tratamento eficaz contra o veneno, e a falta do antídoto atinge todo o país faz mais de um ano.

Em novembro de 2016, o Ministério da Saúde já havia encaminhado alerta às coordenadorias, relatando sobre greves de servidores, furto de animais peçonhentos, dificuldade de reprodução desses, e problemas no abastecimento de matérias-primas são algumas dificuldades enfrentadas pelo Instituto Butantan, o principal produtor de imunobiológicos do Brasil, com sede em São Paulo.

“Estamos concentrando os soros no Hospital Bruno Born (HBB). Desde já, alertamos que procurem esse local. A casa de saúde, em caso de falta de algum soro, entrará em contato com o Centro de Informações Toxicológicas (CIT) para encontrar o mais rápido possível.”

Ainda de acordo com o coordenador, desde dezembro de 2016, foram utilizadas cerca de 70 ampolas com o soro antiofídico. Todos para pacientes vítimas de picadas da cobra jararaca, uma das mais comuns na região do Vale do Taquari. Em média, são 12 ampolas para cada ocorrência.

“A maioria dos pacientes é agricultores picados na perna, em pontos abaixo do joelho. Isso porque grande parte deles ainda evita utilizar itens de segurança básicos, como luvas e botas. Ainda mais no verão, em função do calor, e ainda por cima é uma estação propícia ao aparecimento de cobras”, comenta Zuchetti. “Também há turistas entre as vítimas”, complementa.

O coordenador informa ainda que, após ser picado por uma jararaca, o paciente tende a sentir dores fortes e o local ficará inchado. Também há registros de pacientes que sentiram choques de temperatura – frio e calor. Bolhas no local e hemorragias são consequências do veneno. “Não é aconselhável fazer torniquetes ou chupar o veneno. O paciente precisa imediatamente procurar um hospital”, conselha Zuchetti.

Nos últimos dez anos, segundo dados do CIT, foram registrados mais de 60 mil acidentes com animais peçonhentos – entre esses serpentes, aranhas, escorpiões e lagartas – no RS. Em 2015, o centro aponta um crescimento de 23% em relação a 2014, chegando a 8.280 casos em um único ano.

“Não tenho medo”

Em uma das poucas áreas rurais de Lajeado, no bairro Carneiros, Claudiomir Matos trabalha na limpeza de um terreno utilizado dias antes para o plantio de milho. Sem camisa, botas ou luvas, ele se encaixa no perfil das vítimas de picadas de cobra, segundo descrição da equipe da 16ª CRS. Apesar do risco e da proximidade com áreas de mato fechado, ele não sente medo.

“Confesso que vi poucas cobras venenosas na vida. Moro aqui em Carneiros faz pouco mais de cinco anos. O que vejo direto são aquelas cobras de banhado. Mas essas não fazem mal a ninguém”, comenta. Matos também garante não lembrar de qualquer incidente envolvendo familiares. “Acho que elas é que têm medo da gente”, finaliza.

No Vale do Taquari, a principal cobra encontrada é a jararaca. Ela apresenta coloração marrom esverdeada, com desenhos na forma de “V” invertido em cor preta ou castanha escuro, e a cauda é lisa. Podem medir aproximadamente um metro de comprimento. A picada pode causar morte e amputação de tecido.

Como evitar

Usar botas de borracha (até o joelho), ou botinas com perneiras ao andar no campo ou mato

Usar luvas de raspa de couro ou roupas com mangas longas nas atividades de jardinagem. Manter jardins e quintais limpos. Limpar terrenos baldios próximos das residências. Evitar folhagens densas junto a paredes e muros de casas. Usar graveto, enxada ou gancho ao mexer em lenha, buracos, folhas secas, troncos ocos

Rebocar paredes para que não apresentem rachaduras ou frestas

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