Moradores de Linha Sampaio e Sampaio Baixo ficaram mais de 30 horas sem energia elétrica. A queda da luz ocorreu na noite de terça-feira, durante um temporal, e foi restabelecida somente ontem à tarde. Enquanto isso, inúmeros transtornos e prejuízos foram registrados.
O agricultor Rogério Stolben precisou dar aos porcos os cem litros de leite produzidos ontem. “Já estava ácido, não tinha mais como usar.” Pacotes de carne que estavam no freezer de casa também podem ter estragado com o calor.
Ele conta que tentou contato várias vezes com a concessionária RGE. Mandou mensagens durante a madrugada, e somente pela manhã conseguiu falar com um atendente. “Nos informaram que não sabiam de nada.”
Durante toda a quarta-feira, nenhuma solução. Na esperança de restabelecimento da energia ainda ontem de manhã, o agricultor não adquiriu mais gasolina para manter o gerador de luz. O que resultou na perda do leite.
Ao meio-dia de ontem, uma equipe foi ao local, mas apenas retirou galhos. De modo inesperado, a energia voltou às 14h. “Não entendo por que tanta demora. Nenhum cabo rompeu, não houve nada mais grave. Até sabíamos as chaves que tinham caído”, afirma Stolben.
Desespero geral
Os vizinhos também estavam desesperados para manter o produto em estado de consumo.“Eu sou o que menos produz aqui. Os outros chegam a mais de 200 litros diários e isso preocupa.” É o caso de Roni Wickert. Por dia, a produção de leite na propriedade do agricultor é de 300 litros. A ordenha e o resfriamento são feitos de modo mecânico, assim como a alimentação dos 400 suínos da propriedade.
“Não estragou nada. Mas tivemos muitos transtornos.” Por cerca de três horas, o gerador mantinha a produção. Nesse um dia e meio, cerca de 40 litros de gasolina foram usados para deixar tudo funcionando. “Gastei muito e não é a primeira vez.”
Situação frequente
As quedas de energia são frequentes nas localidades. No ano passado, a situação foi registrada mais de cinco vezes. “Qualquer ventinho, qualquer chuvinha, já ficamos com medo”, afirma Stolben.
Os moradores planejam fazer um abaixo-assinado para a troca da concessionária. “Pensamos que agora, com a venda AES Sul, as coisas fossem melhorar. Mas pelo jeito nada mudou”, critica Wickert.
