Vuaden defende profissionalização dos árbitros

Arbitragem

Vuaden defende profissionalização dos árbitros

Depois de oito anos, Leandro Vuaden deixa o quadro de juízes internacionais

Vuaden defende profissionalização dos árbitros
Vale do Taquari

Dono de um estilo único na arbitragem brasileira, no qual permite mais contato físico entre os atletas, Leandro Vuaden deixou de ser um árbitro Fifa. A decisão foi divulgada nessa segunda-feira. Com isso, ele não apitará mais jogos internacionais.

Natural de Roca Sales e hoje morando em Estrela, Vuaden, 41, poderia estar integrado ao quadro da federação máxima do futebol até completar 45 anos. Porém, a Comissão de arbitragem da CBF optou por retirar do gaúcho o escudo da Fifa depois de oito anos. Junto com ele, foram afastados Heber Roberto Lopes e Péricles Bassols.

Vuaden recebeu a notícia com tranquilidade e garante estar satisfeito com a trajetória como juiz internacional. Segundo árbitro em atividade que mais apitou jogos da Série A do Brasileiro, ele também comandou dez Gre-Nais desde 2006. Agora, o RS tem apenas Anderson Daronco como juiz internacional.

Natural de Roca Sales, Vuaden comandou 10 Gre-Nais desde 2006

Natural de Roca Sales, Vuaden comandou 10 Gre-Nais desde 2006

Futuro na política ou comentarista

Não fica um sentimento de decepção por não ter apitado uma Copa do Mundo?

Vuaden – Quando comecei eu tinha uma expectativa muito grande, de primeiro fazer um curso, apitar um Gauchão, depois apitar o Brasileiro e entrar no quadro da Fifa. Eu consegui cumprir todas as metas, e o fato de não ter ido para uma Copa do Mundo foi uma soma de fatores, que muitas vezes é de cunho interno. Me sinto realizado, e o fato de não ter ido para uma Copa é uma vida que não foi apaga. Hoje se for feita uma pesquisa do nome Vuaden como árbitro de futebol, vai encontrar uma grande aceitação do meu nome. A minha fase já passou, são 20 anos nisso, e acho que é um ciclo que precisava ser superado. Continuo apitando, mas futuramente tenho interesse de trabalhar, quem sabe como comentarista de arbitragem, na formação de novos árbitros ou na política.

O que deve ser trabalhado na formação da arbitragem brasileira?

Vuaden – Nunca vamos conseguir zerar os erros, sempre haverá algum equívoco seja cometido pelo árbitro, jogador ou técnico do time. As críticas tem aumentado porque a forma como os jogos tem sido acompanhados, com até 36 câmeras disponíveis, e isso tem exposto muito o árbitro. As coisas evoluíram em todos os aspectos e na arbitragem está faltando alguma coisa, como por exemplo profissionalizar o árbitro e dar a ele uma garantia maior. Enquanto isso não acontece tem sido adotas medidas para minimizar os erros, mas nós não conseguimos ganhar do replay. Mesmo assim, temos conseguido acertos muito altos, mas ocorrem erros muito grandes, mas isso é uma questão de formação pessoal. Acredito que nem com o árbitro de vídeo, os quais possivelmente serão árbitros atuantes que vão estar em uma cabine, vamos acabar com os erros.

O senhor citou um interesse em ingressar na carreira política. Isso é pensado para logo?

Vuaden – Já mencionei isso há uns seis anos, já fui cobrado e recebi muitos convites. Eu penso que por mais descrédito que a classe política tenha, a sociedade clama por renovação, novas ideias e uma transparência maior. Isso é tema para futuramente, mas eu gosto, assim como gosto de apitar futebol e eu gosto da política.

O senhor diz que o grande jogo que apitou foi Uruguai e Argentina, que enfrentaram pelas Eliminatórias da Copa em 2012. Por que essa partida marcou sua carreira?

Vuaden – Porque depois de Brasil e Argentina, este é o maior clássico do futebol sulamericano. Isso ninguém apaga, está no currículo. Tinha o Messi jogando de um lado, Suárez do outro, as duas seleções completas. E além de estar no jogo, tem a questão da confiança porque a Fifa escala os árbitros, não faz sorteio. Então eles escolherem me colocar, quer dizer que naquele momento eu estava apto para fazer e fiz o jogo. E graças a Deus foi tudo bem, e este é um dos DVDs que guardo com muito carinho. São jogos especiais, como os Grenais, que lembro desde o primeiro que apitei em 2006.

Com a sua saída não teremos apenas um gaúcho com o escudo Fifa. Por que isso aconteceu?

Vuaden – No ano passado no ranking oficial dos melhores árbitros, nós não figuramos em nenhuma das posições. O estado sempre teve bons nomes. Ano passado era eu e Anderson Daronco e agora só o Daronco. Então perdemos três vagas. Gostaria de ter entregue o escudo para um colega gaúcho.

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