Um dos mercados mais importantes da economia brasileira, o setor de automóveis, sofreu um revés no último ano. Levantamento feito pelo jornal Folha de São Paulo aponta uma queda de 20% nas vendas de carros novos em 2016. Foram licenciados pouco mais de dois milhões de veículos em todo país. Números tão ruins não eram registrados desde o período entre 2006 e 2007.
A crise do setor foi sentida também em Lajeado, município com a maior frota da região. Ao longo do ano passado, o emplacamento de veículos novos foi 12% menor do que em 2015. Isso significou 499 registros a menos.
Em 2016, 3,5 mil automóveis foram registrados no município, contra pouco mais de quatro mil no ano anterior. Concessionárias e montadoras mostram preocupação com os baixos índices.
Supervisor em uma loja de carros de fabricação francesa, Júlio Diehl sentiu a redução no cotidiano. “Caiu muito o fluxo de clientes, as pessoas simplesmente sumiram da revenda.” O resultado prático da circulação menor de pessoas foi uma redução de 25% nas vendas ao longo do ano.
De acordo com Diehl, a instabilidade política e econômica do país foi determinante para os maus resultados. “As pessoas estão mais receosas e evitando acumular dívidas maiores e de longo prazo.” Para tentar reduzir o impacto negativo, a estratégia adotada pela empresa foi apostar mais em mídia e em promoções. Mesmo assim, Diehl garante que os números só tiveram melhora em setembro e outubro, mas voltaram a cair nos dois meses seguintes.
Ponto fora da curva
Contrariando o panorama nacional, a empresa onde Marcelo Paim é gerente encerrou 2016 com boas vendas. “Não tivemos queda em nenhum segmento, não servimos de parâmetro pois conseguimos ir na contramão do mercado.”
Para conseguir um resultado positivo em meio a um cenário complicado, foi necessário mudar a estratégia de vendas. “Durante o ano fizemos bons negócios com grandes empresas, participamos de muitos eventos e fomos ao encontro do cliente e não esperamos que ele viesse até nós”, exemplifica Paim.
Mesmo com o resultado atípico, sentiu um cliente mais receoso na hora de se endividar. “Esse ano houve uma queda na venda do carro financiado, as pessoas estavam com receio de assumir dívidas a longo prazo.” A opção dos compradores foi encontrar alternativas para quitar os veículos à vista.
Expectativa de melhora para 2017
A aposta das concessionárias e montadoras é uma recuperação da economia do país e maior estabilidade política ao longo deste ano. “O país deve sair um pouco da crise, o que vai reverter em vendas melhores do setor,” avalia Diehl.
Paim também prevê uma melhora nas vendas neste ano, porém, mantém a cautela na previsão. “Somos muito precavidos, sabemos que com certeza para nós vai ter um crescimento, mas será modesto, nada extraordinário.”