Reajuste do mínimo tranca crescimento

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Reajuste do mínimo tranca crescimento

Economista do Dieese afirma que aumento não será eficaz no combate à crise

Reajuste do mínimo tranca crescimento
Valor tem reajuste de 2,7% de ganho real
Brasil

Oficializado por decreto na sexta-feira, 30, o novo valor do salário mínimo ficou abaixo do aprovado pelo Congresso em em novembro e não cobre a inflação do último período. O valor foi reajustado em R$ 57, passando de R$ 880 para 937. A alta representa 6,4%, um valor abaixo da inflação projetada em outubro, que deve atingir 7,5% no fim deste ano.

Em novembro, o Congresso votou um reajuste para R$ 945,8, porém, o governo federal preferiu conceder um valor mais baixo. Mesmo assim, a gestão Temer garante que o novo valor será fundamental para fortalecer o consumo interno e ajudar o país a sair da crise econômica. A previsão da equipe ecônomica é de uma injeção de R$ 38,6 bilhões na economia brasileira.

Na nota em que explica as razões do aumento, o governo afirma que o novo valor terá “efeitos positivos na retomada do consumo e do crescimento econômico ao longo do ano”.

O otimismo da União encontra resistências entre especialistas. Eles acreditam que, com um reajuse abaixo da inflação, os trabalhadores não conseguiraã melhorar o consumo. Um dos críticos da medida é o supervisor do Dieese no RS, Ricardo Franzói. Na avaliação dele, sem um reajuste salarial melhor, o cenário de crise deve ser aprofundado em 2017. “Se realmente não houver um estímulo via crescimento salarial a economia só vai afundar mais.”

Para Franzói, até a classe empresarial será prejudicada pelo aumento abaixo da inflação. “Os empresários veem salário como custo. Se baixar o valor do salário logo em seguida ele não terá tem para quem vender.” O economista destaca que o aumento foi fundamental para garantir o crescimento econômico nos anos anteriores. “O salário subiu acima da inflação e isso não deixou de gerar empregos, ou seja, tem que olhar o salário pela demanda.”

Prioridade para bancos

O supervisor do Dieese gaúcho critica a política do ministro da Fazenda, Henrique Meireles, de manter a alta taxa de juros. Para ele, essa política favorece apenas o setor financeiro do país, mas traz prejuízos para a área produtiva. “O setor financeiro está adorando essa política econômica de juros altos, e também grandes empresas que vivem de aplicações”, afirma o economista.

Franzói tece duras críticas em relação a política econômica adotada por Meireles e prevê um cenário negativo para o país no próximo ano. “Esse ministro só olha para a taxa de juros, e fez isso mesmo no governo Lula. Assim a economia não vai crescer.”

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