O episódio da mortandade de peixes no Arroio Engenho registrado no fim da semana passada intrigou moradores e frequentadores do Parque do Engenho. Os trabalhos de servidores do Executivo que removeram os peixes mortos foram criticados. Segundo eles, era preciso recolher também o lixo e a matéria orgânica da água.
Um morador próximo ao local afirma que a remoção dos peixes e a leve escavação no lodo acumulado não foram suficientes para limpar a água. Uma camada espessa de sujeira continua próximo ao cano onde deságua uma vertente, na parte dos fundos do parque.
No local, o mau cheiro continua, mesmo depois da chuva. “Ligamos para avisar que é preciso limpar a água antes que mais peixes morram, mas me perguntaram se eu não tinha mais o que fazer e que era para deixá-los em paz.”
A indignação do morador diz respeito à remoção do grande acúmulo de matéria orgânica que se forma na água. Ele não quis se identificar, pois afirma ter sido ameaçado. Um dos questionamentos é acerca dos condomínios localizados acima do arroio. A falta de um planejamento para tratar os esgotos domésticos, segundo ele, é um dos principais problemas que podem estar atingindo o arroio.
Análise da água
O novo secretário de Meio Ambiente, Luís Benoit, assume nesta segunda-feira. Apesar de ter poucas informações da secretaria, afirma que uma amostra da água deve ser recolhida no arroio. Benoit é químico industrial e já atuou pelo Unianálises, na Univates. As investigações sobre qualidade da água eram rotina de trabalho.
Para ele, é preciso ir além do que está sendo falado sobre a instalação de uma bomba para dar oxigênio à água. “Vamos analisar a qualidade da água e ver que componentes químicos foram despejados ali, bem como investigar a origem desses componentes. É preciso saber de onde vem a poluição.”
Peixes mortos
Na sexta-feira, 23, moradores próximos e frequentadores do Parque do Engenho testemunharam o surgimento de peixes mortos no lago que faz parte do Arroio Engenho. No dia seguinte, após diversas ligações, funcionários da prefeitura efetuaram a primeira limpeza dos peixes que estavam boiando e exalando mau cheiro.
As mortes, entretanto, seguiram no fim de semana e, na segunda-feira, a água já tinha novas vítimas da poluição. Para diminuir o mau cheiro, os peixes mortos foram retirados, bem como a lama do fundo. Um lodo escuro e de intenso odor foi removido, mas a carga orgânica continuou a aparecer após a limpeza.