Calor atrai banhistas.  Bombeiros alertam para os riscos

Vale do Taquari

Calor atrai banhistas. Bombeiros alertam para os riscos

Quarto afogamento no ano reforça a necessidade de cuidados nos rios e arroios da região. No fim de semana, Vanderlei César Schneider morreu no Rio Forqueta, em Travesseiro. Ele estava com os dois filhos no momento da fatalidade.Pouco efetivo de salva vidas e a falta de sinalização em pontos perigosos são problemas recorrentes.

Calor atrai banhistas.  Bombeiros alertam para os riscos
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Por volta das 21h desse sábado, em uma das primeiras noites quentes deste verão, Vanderlei César Schneider, 37, voltava de uma pescaria no Rio Forqueta com a filha na garupa e o filho em um trecho de água tranquila, em Três Saltos, Travesseiro. Com água até o pescoço, ele conseguiu jogar a menina até uma parte mais rasa, e ela saiu do rio com auxílio do irmão. O homem se afogou. Confira aqui o vídeo captado pela reportagem mostrando os banhistas.

A morte de Vanderlei, que morava em Lajeado com a mulher e o casal de filhos, aconteceu próximo à pinguela do Camping Palm Hepp, na divisa com Marques de Souza. A vítima tinha uma casa alugada em um balneário próximo, o Stackão, e naquele dia mudou o local do banho, pois visitava as terras do pai, localizadas na margem travesseirense do rio.

O pai mora a 100 metros do local do acidente. Ele, assim como amigos e conhecidos da vítima, iniciaram as buscas na mesma noite. Outros tantos auxiliaram logo no início da manhã de Natal. O Grupo de Buscas e Salvamento (GBS) de Santa Maria chegou ao local por volta das 17h de domingo. Em pouco menos de meia hora, encontrou o cadáver submerso, a 12 metros do local do afogamento. O corpo de Schneider foi encaminhado para necropsia no DML de Lajeado, e o enterro ocorreu no Cemitério Evangélico de Palmas Sul, em Arroio do Meio.

Vanderlei é a quarta vítima de afogamento em 2016, segundo informações do Corpo de Bombeiros de Lajeado. Desde a temporada do verão de 2014 e 2015, 11 pessoas morreram afogadas nos rios Taquari, Forqueta e Fão, em pontos nas cidades de Lajeado, Cruzeiro do Sul, Marques de Souza e, por fim, Travesseiro.

As constantes alterações no fundo do leito, segundo moradores próximos aos pontos, são os principais causadores dos acidentes. “Em alguns períodos, há bastante buraqueira naquele trecho. Em outros, não. Mas normalmente é um ponto raso, tranquilo”, comenta Paulo César Ahne, amigo de Vanderlei, que acompanhou o trabalho de buscas e estava ao lado do rio quando o corpo foi retirado.

“Ele conhecia bem o rio, e estava na beira. Pelo que ouvi, ele sofreu algum mal súbito antes de jogar a filha até um ponto mais raso”, comenta Ahne, lembrando que Vanderlei era conhecido por jogar campeonatos de futebol amador pela região.

Em Lajeado, o chamado “Porto dos Bruder” é bastante frequentado. O local não tem salva-vidas e tampouco sinalização ou boias. Ontem, dezenas de pessoas se refrescavam no local

Em Lajeado, o chamado “Porto dos Bruder” é bastante frequentado. O local não tem salva-vidas e tampouco sinalização ou boias. Ontem, dezenas de pessoas se refrescavam no local

“É preciso ter cautela, sempre”

Ontem, durante toda a tarde, diversos pontos dos rios Forqueta e Taquari estavam repletos de banhistas. Em nenhum desses locais, não há salva-vidas ou qualquer sinalização referente à profundidade e aos riscos oferecidos pela água. “Esses acabam sendo os pontos mais perigosos”, alerta o sargento do Corpo de Bombeiros de Lajeado, Sérgio Rodrigues.

Ele reclama da pouca preocupação por parte de alguns proprietários de centros de lazer. Conta que, tempos atrás, eles procuravam o Corpo de Bombeiros para auxiliar na realização dos cursos preparatórios dos chamados “Guardiões de Balneários”. A última vez ocorreu em novembro de 2012, com a formação de 25 pessoas para atuar nos mais de 25 campings e balneários da região.

Ainda de acordo com Rodrigues, não há qualquer fiscalização por parte do Corpo de Bombeiros junto aos pontos escolhidos pelos banhistas. “Depende muito dos critérios dos proprietários, e da vontade dos usuários”, comenta, salientando a importância de respeitar ordens básicas para evitar riscos, como conhecer a profundidade do rio.

Para o sargento, imprudência, excessos e abusos de ingestão de bebidas alcoólicas – além de problemas de saúde e mal súbitos – estão entre as principais causas da maioria dos afogamentos registrados. “É preciso registrar que, em locais onde há salva-vidas, óbitos acontecem em horários em que eles já não estão mais atuando”, comenta. “É preciso ter cautela, sempre”, finaliza.

Afogamentos temporadas 2014/15 e 2015/16

•12 de novembro de 2014: dois casos em pontos do Rio Taquari, em Lajeado
•13 de novembro de 2014: um caso no Rio Taquari, em Cruzeiro do Sul
•15 de novembro de 2014: um caso no Rio Taquari, em Cruzeiro do Sul
•25 de dezembro de 2014: um caso no Rio Taquari, em Lajeado
•13 de janeiro de 2015: um caso no Rio Taquari, em Lajeado
•14 de março de 2015: um caso no Rio Forqueta, em Lajeado
•17 de janeiro de 2016: um caso no Rio Forqueta, em Lajeado
•31 de janeiro de 2016: um caso no Rio Fão, em Marques de Souza
•26 de março de 2016: um caso no Rio Taquari, em Lajeado
•24 de dezembro de 2016: um caso no Rio Forqueta, em Travesseiro

 

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