Planejamento anual evita dívidas e assegura melhores investimentos

Orçamento doméstico

Planejamento anual evita dívidas e assegura melhores investimentos

As incertezas na economia obrigam mudanças nos hábitos dos consumidores. Planejar as finanças para o 2017 pode fazer a diferença entre entrar na lista dos endividados ou manter a saúde do orçamento doméstico.

Planejamento anual evita dívidas e assegura melhores investimentos
oktober-2024

Pesquisa realizada pela SPC Brasil em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes e Lojistas mostra os resultados da crise no cotidiano das famílias. Em 2016, mais de um milhão de novos cadastros foram incluídos nas listas de restrição de crédito. No mês de novembro, o número de inadimplente chegou a 40% da população.

Planejar as finanças com antecedência pode fazer a diferença entre ir para a lista dos endividados em 2017 ou chegar ao fim do ano com capacidade para fazer aquisições. Porém, o cenário adverso traz novos desafios para o orçamento doméstico.

Gerente de Inovação, Mercado e Serviços Financeiros do Sebrae-RS, Augusto Martinenco defende a adoção de diferentes planos de ação com base em três cenários de projeção, sempre considerando as receitas e despesas da família. 05_ahora
Segundo ele, o cenário otimista é aquele no qual todas as ações previstas conseguem ser realizadas de forma a alcançar os resultados esperados. “Na hipótese realista, considera-se que algumas coisas darão certo e outras não, enquanto a pessimista projeta que a maior parte das ações dará errado.”

Conforme Martinenco, é preciso estabelecer ações para cada um dos cenários, evitando imprevistos capazes de comprometer a saúde financeira da família.
De acordo com o gerente do Sebrae-RS, mesmo sendo impossível antecipar as mudanças na economia, estabelecer indicadores para cada ação planejada ajuda a evitar imprevistos e mostrar se as medidas adotadas estão atingindo os resultados esperados.

Perigos do crédito

O gerente do Sebrae-RS alerta para os erros cometidos diante de dificuldades para comprar objetos de desejo ou na tomada de crédito para pagamento de despesas básicas. Segundo ele, o dinheiro está mais caro e é preciso repensar a necessidade de fazer o investimento ou fazer empréstimos.

Os juros e taxas bancárias e das compras a prazo ou parceladas impactam no bem-estar financeiro das famílias. O pior vilão é o cartão de crédito. Deixar de pagar uma fatura de R$ 1 mil pode representar uma dívida de R$ 850 mil em apenas quatro anos. Em novembro, a média de juros cobrados no rotativo do cartão chegou a 459% ao ano.
No caso do cheque especial, os juros são menores, mas ainda sim perigosos. Com uma alíquota média de 11% ao mês, uma dívida de R$ 1 mil representará um débito de R$ 200 mil em quatro anos se deixar de ser paga.

Os motivos para a diferença estão nos juros compostos. Tanto bancos quanto estabelecimentos comerciais que trabalham com crédito próprio utilizam o sistema na hora de fazer cobranças.
Se um consumir para de pagar uma conta, o atraso resulta em juros simples no primeiro mês. Caso a fatura siga em aberto, no segundo mês, a dívida será o valor da parcela corrigida duas vezes, pelos juros do primeiro e do segundo mês de atraso. A cada 30 dias, novos juros são aplicados sobre o período anterior.

Descontrole de gastos

Se a indisciplina nas finanças faz com que 58,5 milhões de brasileiros estejam inadimplentes, a relação dos jovens com o planejamento financeiro definirá o futuro das relações de consumo e da própria economia no país.
Pesquisa do SPC Brasil e da CNDL realizada no início do mês apontou os índices de organização financeira na população de 18 a 30 anos. De cada dez jovens, três não fazem qualquer tipo de controle das finanças, e 76% dizem cuidar das economias apenas de cabeça.

A falta de hábito e disciplina foi o principal motivo apontado pelos entrevistados para não controlar os gastos. Cerca de 17% dos que não estabelecem mecanismos de controle não sabem estimar os próprios rendimentos mensais.
Entre os que afirmam manter um controle adequado, 33% utilizam um caderno para fazer as anotações do orçamento doméstico. Outros 24% fazem uso de planilhas no computador e 10% preferem os aplicativos de smartphone.

 

“Quem ainda não fez o seu planejamento para 2017 está atrasado.”

A Hora – Qual a melhor forma de estabelecer um planejamento financeiro para o próximo ano diante das incertezas na economia?
Augusto Martinenco – Estamos na penúltima semana de dezembro, e quem ainda não fez o seu planejamento para 2017 está atrasado. Mas, se quero fazer isso hoje, é preciso fazer um plano de ação. Colocar no papel como vou executar as ações previstas no meu planejamento.Porém, diante do momento de instabilidade que estamos vivendo, a única certeza é que teremos de mudar o nosso plano de ação ao longo do ano.

 

Qual a recomendação quanto à tomada de crédito para pagar dívidas ou comprar produtos de consumo?
Martinenco – Depende muito da situação da pessoa. Se é alguém com um nível de endividamento já alto, o primeiro passo é tentar renegociar as dívidas existentes por um custo mais baixo ou prazo maior, com uma parcela menor. Em tese, quando renegociamos juros de prazo de pagamento, acabamos pagando mais caro, mas pode dar um fôlego na parcela que pode ajudar.Pessoas que querem investir têm que saber se sobrarão reservas para uma situação inesperada no futuro, se essa aquisição não pesará demais no orçamento. Pensar se, ao invés de financiar de imediato, não é melhor juntar recursos, pagar à vista, evitar os juros e até mesmo negociar um desconto. Esse é o momento em que as pessoas precisam de calma e clareza para usar seus recursos, de preferência sem se comprometer em pagar juros pelos próximos períodos.

 

A época do Natal favorece o consumo por impulso. Dados do SPC Brasil mostram que 54% dos consumidores ainda estão pagando produtos comprados no Natal passado. Como assegurar as compras da época sem comprometer o orçamento do próximo ano?
Martinenco – O consumidor precisa entender que, pagando em uma, quatro ou 12 vezes, o valor a ser pago é o total do produto. Segundo ponto é ver se o valor das parcelas cabe no orçamento. Muitas vezes na ânsia de consumir a pessoa compra muitas coisas parceladas e ao longo do pagamento dessas parcelas se dá conta que não tem capacidade para bancar as compras.As pessoas têm a falsa sensação de que financiando dá para comprar mais, o que é ilusão. Se a pessoa comprar à vista, pagará menos e sobrará mais dinheiro para uma próxima compra. O melhor é, ao invés de continuar pagando o Natal do ano anterior, economizar durante o ano para comprar mais.


 

Organização das
finanças familiares

1º passo: defina quais são seus principais custos fixos mensais e coloque em uma planilha.
Gastos esporádicos devem ser estimados na planilha, em uma média mensal com vestuário, medicamentos, lazer e outros.

2º passo: aponte as entradas de recursos, ou seja, a renda total da família em um determinado espaço de tempo, assim como as obrigações no período.

3º passo: compare os gastos com o dinheiro a receber. Faça as contas e tente encontrar um ponto de equilíbrio. Observe se não há possibilidade de redução ou eliminação de gastos que não interferem na rotina básica da família.

4º passo: os valores que deixam de ser gastos podem representar importante economia no fim de cada mês. Somados, eles podem atender a necessidades de emergência, suprir um desejo ou meta futura.


 

Investimentos

Se o objetivo é adquirir uma televisão no valor de R$ 1,8 mil, analisar diferentes opções pode representar a diferença entre passar o ano endividado ou fazer um investimento adequado.

Opção 1 – Economizar para comprar à vista
Se a família guardar R$ 200 por mês, terá em nove meses recursos suficientes para comprar à vista.
Com dinheiro na mão, ainda existe a possibilidade de negociar um valor mais baixo.

Opção 2 –  Parcelamento no cartão
As compras no cartão de crédito estão cada vez mais comuns. Porém, deve ser usado com cautela.
A recomendação do Sebrae é de usar o cartão apenas se houver a certeza de que o orçamento comporta. Se a compra foi realizada em nove parcelas de R$ 200, e em um dos meses o consumidor optar por pagar o valor mínimo, de R$ 20, a decisão gera um saldo devedor de R$ 180. Somada à parcela do mês seguinte e aos juros de cerca de 10% ao mês, a próxima fatura chegará a R$ 398. Se a situação se manter igual nos próximos períodos, a dívida se tornará impagável.

Opção 3 – Crediário direto
Neste caso, o mais importante é avaliar as condições de pagamento e verificar se não estão incluídos juros embutidos. O pagamento atrasado resulta em inclusão do CPF nos cadastros de restrição de crédito.

Opção 4 –  Empréstimo bancário (CDC)
O valor é liberado imediatamente ao consumidor, e parcelado conforme acordo firmado com a instituição financeira. Prazos e taxas de juros e prazos variam conforme a instituição e ainda há cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

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