Curta evidencia cotidiano dos haitianos

Lajeado

Curta evidencia cotidiano dos haitianos

Documentário exibe a esperança e os desafios enfrentados pelos imigrantes no Vale

Curta evidencia cotidiano dos haitianos
Lajeado

O Centro Comunitário Evangélico recebeu na manhã de ontem o lançamento do documentário Haitianos: na Esperança de um Novo Dia.

Produzido pelo estudante de Jornalismo Tiago Wiethölter e a diretora de imagens e edição, Fernanda Scherer, sob supervisão do jornalista Marcus Staut, o curta-metragem mostra o cotidiano dos imigrantes por meio de depoimentos de quatro haitianos.

Em cerca de 16 minutos, a película aborda quatro pilares do dia a dia dos imigrantes: educação, segurança, trabalho e saúde. O filme também denuncia o preconceito de parte da sociedade para com os haitianos.

De acordo com Wiethölter, o trabalho teve dois meses de duração e serviu de aprendizado para toda a equipe. “Foi uma experiência incrível conviver com os haitianos, aprender sobre a cultura e a realidade deles aqui na região.”

Ressalta que todo o material foi traduzido para o crioulo, idioma nativo do Haiti. “Nossa intenção é que mesmo aqueles que ainda não falem o português consigam entender o trabalho.”

Um dos participantes do documentário é Renel Simon, 27. Segundo ele, uma das principais dificuldades foi encontrar conterrâneos dispostos a aparecer nas imagens. “Nosso povo tem receio, porque muitos estrangeiros iam ao Haiti por ser um dos países mais pobres do mundo, faziam gravações, e vendiam a imagem das pessoas.”

A intenção de Simon não era aparecer na película. Mas, como três dos seis imigrantes que fariam parte do trabalho desistiram, decidiu participar. Para o haitiano, o documentário ajuda a divulgar o trabalho de acolhimento realizado em Lajeado.

Cenários distintos

Conforme Simon, a situação dos imigrantes melhorou desde que ele chegou na cidade, há cerca de quatro anos. “Estávamos perdidos e não sabíamos a quem recorrer quando ocorria algum problema.”

Segundo ele, a aproximação da comunidade com representantes da prefeitura ocorreu em 2013, após uma enchente que deixou muitos deles desabrigados. Na ocasião, Simon foi convidado para trabalhar no Centro de Referência em Assistência Social, e passou a fazer o contato entre os haitianos e o poder público.

Enalteceu também o apoio recebido pela IECLB na realização de eventos como o encontro de imigrantes realizado em agosto no Centro Cultural Evangélico. Cerca de 200 haitianos participaram do evento, maior do tipo já realizado na cidade.

Preconceito

Para Simon, uma das principais mágoas da comunidade haitiana é em relação ao preconceito racial enfrentado na região. Segundo ele, muitos conterrâneos enfrentam o problema no trabalho e nas ruas da cidade. “Isso mostra que estamos vivendo em um mundo difícil.”

De acordo com a diretora de imagens e edição, Fernanda Scherer, o racismo é denunciado no documentário, que também aborda outras demandas como a dificuldade para entrar na universidade e de finalizar o Ensino Médio, assim como a falta de segurança.

O filme mostra relatos de assaltos e furtos contra os haitianos. Um deles teve a casa invadida quatro vezes. Outros relataram ataques sofridos ao sair do trabalho. Por outro lado, Fernanda ressalta a qualidade do atendimento em saúde apontada pelos entrevistados.

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