Compras, supermercado lotado, compromissos sociais, crise e trabalho extra antes das férias são alguns dos fatores de ansiedade durante o mês de dezembro. O período, considerado um dos mais estressantes do ano, vem saturado de tensões sociais e financeiras. O problema está nas marcas e lembranças de cada um conforme as experiências. “O fim do ano tem a característica de ser um fechamento, a preparação para um novo ano. Isso pode ter muitos significados para cada pessoa”, explica a psicóloga e psicanalista Rebeca Katz.
Segundo ela, misturam-se expectativas e tudo passa a ter um outro olhar. “Ao mesmo tempo, precisamos lidar com a frustação de que o ano nem sempre foi como gostaríamos, de correr para dar conta do que falta para fechar o ano e para organizar a última semana do mês”, comenta. “Assistimos a propagandas de Natal lindas e, muitas vezes, não nos sentimos parte daquilo. Simplesmente estamos exaustos.”
Comer, rezar e amar
Para a psicanalista, não existe uma fórmula mágica para lidar com o fim de ano. “Seria como inferir nas crenças e marcas de cada pessoa. Tudo depende de um contexto.” A data é marcada por rituais culturais. “O Natal é uma festa para que se siga ações socialmente aceitas, como estar em família, juntar-se com pessoas que amamos, trocar presentes, rezar e comer, mas, como somos todos seres humanos, a vida nem sempre está assim.” Grana curta para os presentes, brigas entre parentes, e o cansaço, podem desmotivar os encontros. Há também as lembranças que causam marcas profundas, como perder alguém nesta época. “O fim de ano seria melhor aceito nas condições de cada um. Permitam-se vivenciar como melhor lhes convir, tentar se encaixar em padrões sempre será tenso e sofrido.”
Conforme Rebeca, quanto mais desconhecido for o excesso, mais intenso ele será, assim como quanto menos conhecido forem os motivos de tensão e sofrimento, maior será a tendência das perturbações aparecem no corpo, como dores ou angústia.
Colocar tudo na balança
Segundo a especialista, fazer um balanço é sempre válido. “O ideal seria que fosse realizado mais vezes por ano. Deixar tudo para o final torna inevitável a frustração frente ao desequilíbrio.” Ela aconselha pensar mais durante o ano. “Faz com que se torne conhecido o que é nosso e quanto mais se conhece de si mesmo, menos as perturbações criam sintomas.”
Ansiedade pré-férias
Se as férias forem almejadas, como uma “salvação”, sendo a única coisa importante durante todo o ano, as expectativas sobre esse momento aumentam. “Ao desconsiderar outros períodos tão importantes quanto, provavelmente o resultado será o desapontamento.” Para Rebeca, férias são boas para dedicar-se um tempo a si mesmo. “Pode ser uma viagem exuberante ou alguns dias acordando mais tarde e passando o dia no sofá. Assim como todos outros períodos do ano, o tempo deve ser vivido e não simplesmente passado.”