A soma das riquezas produzidas pelos municípios do Vale foi de R$ 11,4 bilhões em 2014. Segundo o levantamento feito pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) em parceria com o IBGE, o PIB subiu 11% em relação a 2013. A alta foi maior que a do RS e do país.
O crescimento é uma constante regional desde 2010, quando o PIB dos 38 municípios somou R$ 7,3 bilhões. Desde então, é registrada uma alta aproximada de R$ 1 bilhão por ano (veja gráfico). Economistas são unânimes ao avaliar os motivos dos bons resultados dos últimos quatro anos. A diversidade econômica aliada à força da indústria alimentícia tem garantido altos patamares de crescimento.
Presidente do Codevat, Cíntia Agostini ressalta o fato de a região ter consquistado um bom resultado no ano em que a economia demonstrava os primeiros sinais de estagnação. “Esse resultado reforça a perspectiva de uma economia diversificada que consegue ter dinâmicas que fazem a região manter patamares melhores de crescimento.”
Sem depender de venda de commodities no mercado internacional, o Vale ainda se beneficiou por um mercado interno fortalecido. “Não somos exportadores de soja nem milho, o Vale atende muito o mercado interno.”
Assim como Cintia, o economista e integrante do Observatório Social, Adriano Strassburger, destaca a diversidade econômica da região para explicar o bom resultado. “Aqui se um setor entra em crise o outro se mantém relativamente estável, mantendo os empregos.”
Com a produção de alimentos, Strassburger acredita que a região deve ser capaz de manter os índices de crescimento. “Nosso setor, teoricamente, vai seguir a tendência de se manter atuando e economicamente mais estável do que outros sucetíveis a eventuais crises.”
Incentivo do governo
Em 2014, os sinais da crise financeira ainda eram tímidos, embora o país já apresentasse estagnação no crescimento. Naquele ano, o país cresceu 0,1%, enquanto em 2013 o índice foi de 1,5%.
Mesmo com os primeiros sinais de problemas, o ano ainda foi de investimentos públicos, especialmente do governo estadual. Para Cíntia, o financiamento foi importante para garantir o crescimento de 7,7% no estado e 11% na região.
Para conseguir financiar o desenvolvimento regional, o governo precisou recorrer a fontes de receitas externas, como lembra a economista Cíntia. “Naquele ano, o governo estava fazendo investimentos com recursos do Banco Mundial.” Apesar do resultado positivo a curto prazo, Cintia destaca que a política de pegar empréstimos para subsidiar a economia não seria possível por muito tempo.
Sem recursos públicos, o setor privado precisará encontrar outras formas para continuar investindo.
Santa Clara cresce 35,4%
Entre os cinco municípios do RS que tiveram o maior crescimento nominal do PIB, aparece Santa Clara do Sul. Em 2014, as riquezas municipais somaram R$ 218,5 milhões, ante 161,3 milhões no ano anterior, alta de 35,4%.
O crescimento da indústria calçadista é o principal motivo apontado pelo governo. A instalação de uma fábrica de calçados no município em 2014, é apontada pelos gestores municipais como fundamental para o resultado. Além disso, a construção civil teve um dos seus melhores desempenhos naquele ano.
Perspectiva para os próximos anos
Na avaliação dos economistas, mesmo sentindo menos o impacto da crise, o Vale deve apresentar resultados piores nos próximos levantamentos. Para eles, manter o mesmo patamar do PIB em 2015 e 2016 já pode ser considerado positivo. “A partir da metade de 2017, devemos começar a ter resultados melhores”, avalia Cintia. Para ela, a partir desse momento, a região entra em um novo ciclo, no qual será necessário ampliar a cadeia produtiva da região.