Faz 11 anos, Paulo Renato de Oliveira Silvestre, o “Chiquinho”, vive o Natal de forma diferente. A entrega à data começa meses antes, quando realiza contatos e inicia a busca por doações.
A intenção é não deixar que crianças do bairro Santo Antônio passem o Natal em branco. Vestido de Papai Noel, busca um viés diferente para a data. O importante, conforme ele, é dar uma lembrança para a criança não ficar triste por não receber nada.
Natural de Coronel Bicaco, Chiquinho conta que teve uma infância humilde. Em épocas comemorativas como esta, sentia-se triste. “A gente não ganhava brinquedo nenhum. Nunca ganhei brinquedo. Às vezes eu ia nas madrinhas e ganhava bolachas.”
Mas recorda quando os pais podiam dar algum doce. Eles escondiam para fazer surpresa, mas, em alguns lugares, as formigas chegavam primeiro. “A gente sacudia um pouco e comia assim mesmo.”
Hoje com três filhos, um de 8 anos, pretende seguir com a ideia por muitos anos. A proposta ganhou a simpatia da sociedade. Em 2015, Silvestre arrecadou mais de 1,5 mil presentes, que foram distribuídos nos bairros pobres. Neste ano, só um estabelecimento doou 200 brinquedos. “Peguei a caminhoneta da firma e fui buscá-los na hora”, comenta.
Mesmo já tendo arrecadado três caminhonetas cheias, o voluntário teme pela falta de brinquedos neste ano. Para ele, no dia da distribuição, ninguém pode ficar sem presente. O apoio de associações de moradores, como do bairro Moinhos e Vales Verdes, veio em bom momento.
Em 2015, empresas doaram picolés e doces. Grupo de motoqueiros de Lajeado e atacadões fizeram parcerias. Neste ano, o ABC, localizado na BR-386, deu descontos pra quem comprasse brinquedos para doação.

Chiquinho, como é conhecido, se veste de Papai Noel para distribuir brinquedos para crianças carentes. Presentes são arrecadados por meio de doações
Real sentido natalino
O principal objetivo de Silvestre é despertar o sentido humano do Natal, que, para ele, é ajudar o próximo. “Podia estar em casa nos fins de semana, mas estou correndo atrás das doações. Só em poder ajudar essas crianças, valeu o ano.”
As mãos manchadas de óleo pelo trabalho na retificadora demonstram que o Papai Noel dos carentes também existe. Para ele, a maior recompensa se dá no momento da entrega. “Só estamos lá para receber um abraço sincero. Enquanto eu tiver saúde, quero seguir fazendo isso.”