O modelo de produção por condomínios desenvolvido pela Cosuel chama a atenção de autoridades e líderes políticos do país. O governador do Piauí, Wellington Dias, visitou ontem a sede da Dália, em Encantado, para conhecer detalhes sobre o projeto. Ele propôs uma parceria com a cooperativa para levar o padrão produtivo ao estado nordestino.
O presidente-executivo da Cosuel, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, apresentou ao governador os detalhes sobre os quatro condomínios leiteiros em funcionamento pela cooperativa. Explicou as questões organizacionais e os custos de implementação do projeto.
Conforme Freitas, por meio do sistema, a Dália alcançou níveis de produtividade muito acima da média registrada no país e RS. Segundo ele, enquanto o Brasil produz uma média de 900 litros ao ano por vaca, os gaúchos alcançam uma produtividade de 2,3 mil litros no mesmo período.
“Aqui, alcançamos 5,9 mil litros de leite por ano”, destaca. Conforme o presidente-executivo, a intenção da cooperativa é alcançar níveis semelhantes aos de países como França e Estados Unidos, onde os animais superam a barreira dos nove mil litros de leite por ano.
Freitas também falou sobre os demais programas desenvolvidos pela Dália, como a Escola do Leite, iniciativa que qualifica produtores para melhorar o desempenho das propriedades.
Ao fim da apresentação, o governador Dias propôs aos representantes da Cosuel uma parceria para levar o sistema de condomínios ao Piauí. Segundo ele, o estado tem infraestrutura, clima, terras, insumos e todas as condições necessárias para desenvolver o projeto.
O Piauí integra a região brasileira conhecida como Matopiba, considerada hoje a principal referência do agronegócio nacional, principalmente na produção de grãos. Está localizada entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
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Proposta dupla
O governador do Piauí propôs dois modelos de parceria com a cooperativa. O primeiro é de criar uma base da Dália no Piauí. Dias se mostrou disposto a colaborar com o terreno, aquisição de equipamentos e as condições de energia necessários ao projeto.
“Exigimos sempre uma contrapartida para não subsidiar 100% do empreendimento com dinheiro público”, afirma. Segundo ele, existem linhas de financiamento por meio do Banco do Nordeste com juros na base dos 5% ano ano, graças ao subsídio do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste. “Acredito que esse projeto pode ser o embrião para o desenvolvimento das gerações futuras”, aponta. Caso a proposta não seja de interesse da Cosuel, a segunda alternativa seria firmar um contrato para a cooperativa assessorar a implementação de um modelo semelhante. “Estamos dispostos a pagar um preço justo pelo serviço.”
Governador frisa que modelo traz oportunidade para os pequenos
“O trabalho desenvolvido na região é modelo para o mundo.”
A Hora – O que motiva o governo do Piauí a conhecer as operações e o modelo de cooperativa da Dália/Cosuel?
Wellington Dias – O modelo desenvolvido no Vale do Taquari, e que hoje alcança 130 municípios, responde a uma grande interrogação contemporânea para o desenvolvimento da agricultura. Como o pequeno pode ter chance em um mundo onde cada vez menos pessoas querem viver no campo e no qual a competitividade exige eficiência elevada. O modelo é fantástico porque encontrou um caminho, por meio de um condomínio, é possível ter o agricultor produzindo a ração, também ser parte de um empreendimento com alta tecnologia e elevada produtividade no leite. Também é aplicável em outros setores.
Essa região nordestina conhecida por Matopiba é apontada por especialistas como o futuro do agronegócio. Como o Piauí se posiciona para aproveitar esse potencial?
Dias – Já organizamos a câmara setorial de 26 arranjos produtivas promissoras, incluindo as do leite, dos suínos e de aves. Queremos que essa experiência da Dália seja trabalhada no nosso estado. Nos últimos 30 anos, estamos investindo no cooperativismo. Nos últimos 15, temos uma central de cooperativas e agora estamos criando um modelo que associa essa central com uma sociedade anônima. Mas esse padrão criado pela Cosuel é inovador e fiz o convite para que possamos implantar essa experiência no Piauí.
É possível aplicar o mesmo modelo de produção leiteira na Região Nordeste?
Dias – É aplicável em qualquer lugar que abrace o modelo com seriedade. Tenho consciência de que é uma mudança cultural sem tamanho, ainda mais em uma região como a nossa onde muitas cooperativas fracassaram. Algumas tiveram sucesso, mas ainda longe do nível de produtividade, organização e tecnologia que vemos aqui. O mais importante é que a própria Cosuel se adequou à realidade brasileira e hoje tem um padrão que une o melhor do cooperativismo e o melhor do setor empresarial. O fato de ter um conselho de administração casado com um setor executivo, com regras do setor privado, dá maior agilidade e melhor resultado. Isso que é bom para o RS também pode ser aplicado na Região Nordeste.
Qual sua avaliação sobre o cooperativismo do Vale do Taquari?
Dias – É preciso parabenizar os sócios da Cosuel e das demais cooperativas. O trabalho desenvolvido na região é modelo para o mundo e chama a atenção de outras regiões do Brasil. O que me traz hoje aqui é o exemplo positivo. Tanto que fiz um convite para que visitem o Piauí, conheçam a nossa realidade. A intenção com a parceria é que famílias que têm amor pelo campo possam alcançar melhores resultados com apoio da Dália. O movimento cooperativista brasileiro recebe grande contribuição do RS e a Cosuel é um dos bons exemplos do país.
