Problemas na decoração natalina se repetem desde 2013. Neste ano, o investimento foi um dos mais baixos, se comparado aos últimos quatro. A montagem atrasou pela quarta vez consecutiva e impacta no comércio.
No passado, a articulação entre poder público e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) tornava a programação de Natal de Lajeado referência no Vale. Nos últimos anos, a maior cidade do Vale perdeu a posição.
Para este Natal, o município investiu cerca de R$ 100 mil para enfeitar pontos da cidade. O valor reduziu R$ 150 mil em relação a 2015. O recurso investido é um dos mais baixos entre os maiores municípios do Vale.
Estrela tem se destacado nesse cenário desde 2014. Para este Natal, destinou R$ 700 mil. Pelo menos, R$ 350 mil foram captados por meio da Lei de Incentivo à Cultura (LIC). Os preparativos, a ornamentação e a programação envolvem a comunidade e atraem os visitantes.
De acordo com o secretário de Cultura e Turismo de Lajeado, David Orling, uma proposta chegou ser apresentada em julho. A expectativa era investir o mesmo montante do ano passado. Além disso, tentariam captar recursos via LIC. A iniciativa não saiu do papel.
Falta organização
Na avaliação do diretor de Comércio e ex-presidente da CDL, Daniel Dullius, falta organização por parte da administração municipal em relação à ornamentação natalina. Em 2014, quando presidiu a entidade, abriu mão de trabalhar na decoração da cidade devido ao repasse tardio dos recursos.
Segundo ele, em gestões anteriores, o investimento era muito maior e a preparação ocorria meses antes de forma articulada com a CDL. “O Executivo nos chamava para apresentar a proposta e pedia avaliação e sugestões. Isso não acontece mais.”
Para evitar o atraso, em 2015, Dullius fez uma reunião com o governo ainda em março. Mesmo assim, os enfeites foram colocados a três semanas do Natal. Hoje, a administração investe apenas na programação da Campanha Lajeado Brilha promovido pela CDL.
Simplória e atrasada
A instalação dos ornamentos estava prevista para a primeira quinzena de novembro. Os enfeites foram colocados no fim da semana passada. No sábado, pontos da rua Júlio de Castilhos foram fechados ao trânsito. O sábado é o principal dia de vendas e o bloqueio causou transtornos na via e prejudicou os lojistas.
Impacto no comércio
Os primeiros elementos natalinos em Lajeado surgiram no comércio a partir da iniciativa de cada lojista. Na avaliação de uma gerente de loja de confecções, Juliana Dick, isso não é suficiente para estimular os consumidores.
Para ela, se a cidade estivesse decorada desde o fim de novembro ou no início de dezembro, estimularia as pessoas de outros municípios da região que passam por Lajeado a consumir e ampliaria as vendas.
Esforço coletivo
Para o presidente da CDL, Heinz Rockenbach, a cidade regrediu em termos de embelezamento no período natalino. “Nas reuniões com os associados, percebemos que há um desgosto nesse sentido”. Segundo ele, as críticas ocorrem desde que assumiu o comando da entidade. “Lajeado está deixando a desejar.”
No último encontro da diretoria com os associados, diz, foi criada uma comissão para debater um novo modelo para a decoração do próximo ano. “Vamos nos reunir já em janeiro.” Para ele, é preciso um esforço coletivo para “Lajeado voltar a brilhar”.
“Por muitos anos, décadas atrás, a cidade foi referência neste período. As pessoas vinham para Lajeado ver as luzes de Natal. Nossa ideia é trabalhar junto com toda a comunidade para retomarmos essa posição.”