Trabalhadores organizam cooperativa

Teutônia

Trabalhadores organizam cooperativa

Industriários do setor calçadista deixaram fábrica para se dedicar à reciclagem

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Cooperativa de recicladores retira sustento do lixo e amplia a renda familiar. Iniciou as atividades no município faz um ano e ingressou por meio de licitação. Hoje tem 15 cooperados, três administradores e uma visão de gerenciamento para aumentar projeção salarial com descartáveis.

Elis Vanderli Schneider, 44, trabalha em serigrafia na indústria de calçados Paquetá. Estava na fábrica há três meses e aguardava aumento prometido para reajustar o salário. Recebia salário mínimo e ainda tinha despesas com transporte e alimentação. Cansada de esperar, ingressou na cooperativa onde um dos quatro filhos trabalhava.

Sair da indústria e mexer com resíduos descartados foi fácil, conta. O cheiro forte passou despercebido depois de algumas semanas. O rendimento depois do segundo mês animou e motivou a se dedicar. O dinheiro arrecadado com o lixo reciclado é dividido em partes iguais para todos. A média salarial chega a R$ 1,7 mil, com trabalho de segunda a sexta-feira, em horário comercial. Quando um dos recicladores falta ao serviço, o dinheiro que o cooperativado receberia é dividido entre os associados que trabalharam.

Rosane de Fátima de Souza Rossi, 37, também está na empresa faz um ano. Ela era costureira de calçado e se sentia presa dentro ambiente fabril. Na cooperativa de reciclagem, encontrou mais liberdade e um sistema diferente com intervalos para lanches, confraternizações semanais e rendimento conforme empenho do grupo. “Antes podia até trabalhar mais, mas o salário era o mesmo. Aqui, quanto mais trabalhamos, mais recebemos”.

Família administra

Francisco Leopoldo dos Santos, 31, trabalhava como vidraceiro, mas via o orgulho do pai Arlindo Francisco dos Santos, 70, ao gerar renda com reciclagem. Com a aposentadoria, o patriarca convidou o filho para ingressar no negócio. Com a perspectiva de crescimento, olhar sobre o trabalho social e por ajudar famílias, aceitou a proposta.

Ele gerencia a produção, enquanto a irmã Débora dos Santos, 40, é responsável pelo setor administrativo. Os dados diários são computados para prestação de contas aos cooperados. Os valores dos materiais também ficam expostos na área de gestão. No setor de confraternização, o rendimento de cada associado está a mostra.

Segundo Francisco, a transparência e trabalho em conjunto são chaves para transformar o lixo em capital. Hoje, eles aproveitam cerca de 94.437 quilos de recicláveis por mês. Pneus, sacos, vidros e frascos de extintores ficam na casa dos 25 mil quilos. Além disso, separam nove mil de resíduos sólidos industriais.

Aumenta demanda de cooperativados

Diferente de anos anteriores, Francisco nota o aumento na geração de lixo, que demonstra a necessidade de ampliação da cooperativa. De janeiro a novembro, registraram 2.648 mil toneladas de lixo chegando ao pavilhão de reciclagem.

Hoje trabalham 15 pessoas na produção. Com a projeção de aumento na geração de lixo, o número deveria ser ampliado. Entretanto, o planejamento esbarra na falta de espaço. A esteira por onde o lixo circula é limitada e não permite mais trabalhadores.

O responsável pela produção acredita que em breve será necessário ampliação do pavilhão para qualificar o serviço. Hoje, os recicladores ocupam bancadas ao lado da esteira. A coleta é dividida por cada um. Além da renda mensal, muitos encontram dinheiro, celulares funcionando e até alianças, colares e brincos de ouro. Para eles, o trabalho no lixo propõe novo olhar para a cooperação, reciclagem e geração de renda.

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