O aumento do preço dos combustíveis, anunciado nesta semana, impacta de forma direta no orçamento familiar e pode resultar na mudança de comportamento do consumidor. Para os proprietários dos postos de combustíveis a elevação é negativa para o negócio. Alguns empresários absorveram o aumento para não perder clientes e tentar trazer novos.
A nova política de revisão mensal de preços estabelecida pela Petrobras pode agravar ainda mais a situação desses atores. A medida aumenta ou reduz o valor dos combustíveis conforme a oscilação do mercado internacional. Anteriormente o governo federal fazia o controle do preço, promovia correção conforme necessário e como mecanismo de controle inflacionário.
A medida é considerada um “engodo” pelo o proprietário de posto de combustível, Evandro Fascina. Segundo ele, essa é uma artimanha usada pela Petrobras para cobrir rombos e fazer a população pagar essa conta.
Segundo ele faz dois meses que o preço do barril de petróleo apresenta baixa se comparado com outras épocas. “Mesmo com a alta do dólar e com tributação brasileira o preço não acompanha o internacional do petróleo.” Segundo ele, o mercado deve se regular de forma própria, mas deve fazer isso de forma responsável.
Conforme Fascina, os repasses de aumento e baixa no valor dos combustíveis anunciados não se efetivam na prática. A redução do valor da gasolina de R$ 0,05, anunciada faz poucos meses, não ocorreu para os postos. A queda foi de R$0,01. Já o aumento de R$ 0,14 repassados nesta semana, foi superior.
Estratégia
De acordo com ele, com a elevação fez o repasse de forma integral, nas bombas. Isso afastou clientes e gerou uma série de reclamações. Para reverter o cenário resolveu retornar o preço anterior. Ele e o distribuidor absorveram parte do aumento. A ação será mantida até o fim do ano.
Na avaliação de Fascina, as oscilações que devem ocorrer ao longo dos meses desanimam o setor. “Não é lucrativo e viável manter o negócio. Muitas pessoas não percebem, mas muitos postos têm sido colocados à venda por conta desses aumentos.”
Repasses mensais
A revisão mensal é um formato novo ao brasileiro. Para o economista da Univates, Eduardo Lamas, não haverá descontrole dos preços e altas expressivas. Segundo ele, esse modelo é positivo para a economia, porque será uma política de preço mais realista e conectada com o que está acontecendo no mercado internacional.
“Não acredito que irá acontecer o repasse só do aumento e não da queda.” Para ele, a cadeia envolvida é muito ampla e a falta de repasse das quedas pode fazer parte da tentativa de algum elemento desta cadeia tentar recompor a margem de lucro.
A política de preço da Petrobrás repassa flutuações internacionais. Na avaliação dele, os preços devem alternar entre pequenos aumentos e quedas e não deve ter impacto expressivo na economia.
Orçamento familiar
A gasolina é um item básico de consumo diário e não possui substituto direto. A ausência de um transporte público eficiente na região dificulta ainda mais essa possibilidade.
Na avaliação do professor de economia da Univates, Marlon Dalmoro, na região, o aumento interfere diretamente no orçamento doméstico, mas não há um mecanismo de troca imediata.
Segundo ele, para encaixar esse incremento no orçamento a alternativa para a população é adotar micro estratégias, como compartilhar o carro com o colega que faz o mesmo destino, evitar o passeio extra do fim de semana ou destinos curtos que podem ser feitos a pé.
Além disso, o consumidor deve ficar atento e buscar postos mais baratos. Outra forma de atuação é cobrar do seu fornecedor os repasses, especialmente quando ocorre redução.
Nesse processo de busca pelo menor preço é necessário avaliar o reconhecimento da marca e o serviço prestado. “No livre mercado o consumidor tem um papel importante de cobrar e avaliar as possibilidades e garantir um valor adequado.”