Histórias na potência máxima

Cultura

Histórias na potência máxima

Ismael Caneppele dá a receita de como turbinar o processo da escrita em oficinas ministradas no Sesc Lajeado

Histórias na potência máxima
Vale do Taquari
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O escritor, diretor e roteirista, Ismael Caneppele, ministra oficinas de escrita criativa entre os dias 12 e 19, das 19h às 21h, no Sesc Lajeado. Em dois encontros de duas horas cada, os participantes terão contato com técnicas narrativas destinadas a turbinar a potência das histórias.

O evento é voltado aos interessados nas questões humanas, escritores, roteiristas, professores, amantes de cinema, leitores vorazes e todos aqueles que compreendem a força do processo de contar histórias.

O lajeadense é uma das mais festejadas revelações da literatura contemporânea recente. Condecorado pela Academia Brasileira de Letras com o Prêmio Machado de Assis, é autor de A Vida Louca da MPB, Os Famosos e os Duendes da Morte e Música para Quando as Luzes se Apagam. Os dois últimos ganharam versões para o cinema.

“Há uma fisicalidade intencional na minha criação que contamina a escrita. O corpo em risco é matéria de praticamente todo o meu trabalho. Gosto de atentar aos aspectos dos corpos, o que move os corpos e por quais percursos de perigo, desejo e tensão eles transitam no decorrer de uma história.”

Nas primeiras obras, como Os famosos e os Duendes da Morte, Caneppele tratava da questão adolescente. “Hoje, me interessam as questões envolvendo indumentárias de gênero, imigração e negritude.” O seu mais recente livro, O Negrinho do Guaíba, atualiza a lenda do Negrinho do Pastoreio para os dias atuais. “Trata sobre um transboy de rua, que se traveste para tentar não sofrer violência sexual. Gosto da voz do fraco, daquele que está em desconforto. Não me interesso pela voz do dominante.”

Arma poderosa

Segundo Caneppele, escrever é uma arma. “Se pensarmos que o mundo nunca foi tão escrito e lido como agora, o ato de escrever se torna um fazer filosófico poderoso. No decorrer do meu processo de escrita, percebi sermos movidos a narrativas. Estamos o tempo todo criando narrativas, para nós mesmos e para os outros.” Sendo assim, Caneppele acredita que o contarmos nos revela, para si e para o outro. “É um ato micropolítico capaz de produzir pequenas e poderosas fissuras no pensamento.”

Influenciadores

Processo criativo do escritor vem sendo turbinado por três pensadores. Gilles Deleuze, Christopher Vogler e Robert McKee. “Com o estudo profundo e sistemático desses três autores, acredito ser possível desenvolver uma boa metodologia de técnica de storytelling.” Para ele, escreve-se para ser lido. “Mesmo os mais íntimos diários conservam o fetichismo do vir a ser lido à revelia do autor. O ser que se escreve é um, o ser que se lê é outro. Escreve-se sobre o outro. Um processo de escrita que seja ‘essencialmente uma construção individual’ é um processo autista.”

 

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