Menos de dois meses após anunciar reduções que não impactaram nas bombas, a Petrobrás determina aumento nos combustíveis. O acréscimo de 9,5% no diesel e de 8,1% na gasolina chegou ontem aos primeiros postos do Vale do Taquari.
A gasolina ficou até R$ 0,14 mais cara, subindo de R$ 3,89 para R$ 4,04. Acréscimo no diesel chegou aos R$ 0,16 em média, passando de R$ 2,86 para R$ 3,02.
Conforme a Petrobras, o aumento segue a nova política de preços da estatal e leva em consideração a variação internacional do petróleo e a taxa cambial. As revisões na tabela serão realizadas a cada 30 dias.
Proprietário de uma empresa de transportes, Paulo Fernandes, 53, afirma que o aumento nos combustíveis após anúncios de redução demonstra a situação caótica em que o país se encontra, mas não surpreende.
“São promessas da classe política que nunca se cumprem”, alega. Para ele, os mais penalizados com o aumento são os trabalhadores. Segundo Fernandes, tanto transportadores de passageiros quanto caminhoneiros pagam altas cargas tributárias como autônomos e ainda precisam arcar com os impostos dos combustíveis e altos valores de seguro obrigatório.
De acordo com Fernandes, diante da crise, fica difícil repassar aos clientes o custo dos serviços. “Se eu aumentar R$ 10, o cliente não vai aceitar. Será que o governo pensa em nós que trabalhamos e pagamos nossos impostos?”
Para o vendedor Eduardo Franzon, 30, o acréscimo é temerário diante do momento econômico e aumentará ainda mais a insatisfação da população com o governo. Afirma que não é justo que os consumidores paguem mais para cobrir os rombos resultantes da corrupção na Petrobras.
Opção pelo GNV
Diante dos frequentes aumentos na gasolina, o taxista de Teutônia, Ilvo Hemsing, 67, optou por instalar um kit de gás natural veicular (GNV) no veículo. Mesmo precisando se deslocar até Lajeado para abastecer, afirma que a troca vale a pena.
“É uma alternativa, porque se eu tivesse que ficar com gasolina teria de trocar o carro que estou hoje por um menos potente”, alega. Segundo ele, o único problema é a existência de um único posto na região que oferece o combustível.
Para Hemsing, se houvesse oferta de gás natural encanado no Vale do Taquari, a região teria um grande impulso econômico, a começar pelo setor de transportes. “Não apenas taxistas, mas as empresas também teriam uma opção mais econômica.”
Na profissão desde 2002, afirma que nunca enfrentou uma crise tão difícil como a atual. Segundo ele, o aumento dos combustíveis deve pressionar ainda mais os preços dos produtos de consumo e ampliar a recessão.
Com nova política, mercado internacional interfere nos preços pelo país
Aumentos escalonados
A sequência de acréscimos nos combustíveis alcançou R$ 1 por litro desde outubro de 2014, quando ocorreu elevação anual determinada pela Petrobras.
Em fevereiro do ano passado, o governo federal ampliou os índices do PIS e do Cofins, resultando em nova elevação, que foi de R$ 0,20 a R$ 0,40 na média do litro de gasolina.
Mais uma elevação anual da Petrobras ampliou em mais R$ 0,10 o preço médio do combustível em outubro de 2015. Em janeiro deste ano, o aumento na alíquota de ICMS determinado pelo governo do Estado ampliou para R$ 3,86 a média do valor da gasolina no Vale do Taquari.
Entenda o Caso
Em outubro, a Petrobras definiu uma nova política de preços baseada no mercado internacional e anunciou a redução no valor da gasolina. Apesar das projeções da estatal apontarem queda de R$ 0,05 nas bombas, a redução para o consumidor final não se confirmou.
No mês seguinte, a companhia anunciou novo corte no preço dos combustíveis, que deveria ser de 10,4% para o diesel e de 3,1% para a gasolina. Mais uma vez, as projeções de queda de R$ 0,20 nas bombas de diesel e de R$ 0,05 nas de gasolina não se confirmaram.
