Um estudo do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS) aponta uma fuga de recursos dos municípios para a União. De acordo com o apontamento, os contribuintes têm deixado de destinar parte do imposto para os Fundo da Criança e Adolescente e Fundo da Pessoa Idosa. Os valores são repassados para instituições com projetos sociais em cada cidade.
Hoje a lei permite a destinação de até 6% do imposto de pessoas físicas para esses fundos. Ela pode ser feita em duas vezes, a primeira até o mês de dezembro e a segunda na declaração em abril. Pessoas jurídicas que fazem a declaração com base no lucro real podem doar até 1% para cada um dos fundos.
Apenas em 2013, os municípios da região perderam R$ 4,3 milhões desses recursos, arrecadando apenas R$ 279,3 mil. Segundo os cálculos do CRCRS, o potencial regional era de R$ 4,6 milhões naquele ano.
A cidade com melhor desempenho foi Poço das Antas, onde ficcaram retidos 1,2 mil em um potencial de R$ 4,4 mil. O bom resultado está longe do ideal, pois cerca de 77,6% dos contribuintes enviaram o dinheiro para o governo federal. Dos demais 37 municípios da região, 31 perderam mais de 90% dos valores de contribuintes.
Para garantir a permanência desses valores nos municípios, o CRCRS encampa uma campanha para os contadores esclarecerem aos clientes a possibilidade de doação. Segundo a coordenadora da Comissão de Estudos de Responsabilidade Social do Conselho, Silvia Grewe, a falta de informação por parte dos contribuintes é o maior entrave para retenção da verba. “Existe essa possibilidade de as pessoas deixarem esse imposto nas cidades, mas infelizmente isso não está acontecendo.”
Entidades beneficiadas
Silvia foi a coordenadora da pesquisa, na qual ficou demonstrado que em todo estado foram perdidos R$ 265 milhões apenas no ano base de 2013. Essa quantia poderia ter sido direcionada para instituições sociais como a Slan e a Saidan em Lajeado, e as Apaes. “Esses fundos são repassados depois de acordo com os projetos apresentados pelas entidades”, explica Silvia.
Ela destaca a capacidade de financiamento de projetos sociais apenas com a destinação de parte do IR. “Elas costumam fazer jantas e bailes e conseguem no máximo R$ 60 mil. Temos um potencial que se está perdendo acima de R$ 300 milhões em todo RS.” Silvia destaca a possibilidade de os contribuintes definirem onde aplicar os impostos. “Esse dinheiro não é mais deles porque é tributo. Mas eu posso dizer, eu quero que esse percentual fique em Lajeado, por exemplo.”
Para esclarecer como funciona a destinação do IR, o governo do Estado criou, em parceria com o CRCRS, a campanha Escolha o Destino. No site escolhaodestino.rs.gov.br, a popualção pode consultar os detalhes para destinar o dinheiro e como as instituições estão utilizando.
Como Doar
Quem pode doar?
Pessoas físicas que declaram Imposto de Renda (IR) pelo modelo completo e pessoas jurídicas que apuram o imposto pelo lucro real
Quanto é possível doar?
Pessoas físicas podem doar até 6% do IR devido para o Fundo da Criança e do Adolescente e para o Fundo da Pessoa Idosa, sendo possível dividir os valores para cada uma das instituições. Pessoas jurídicas podem doar 1% do imposto devido para cada fundo.
Quando doar?
As doações podem ser feitas até o dia 29 de dezembro.
Como doar?
As doações devem ser feitas diretamente aos fundos, por meio de depósito bancário identificado com o nome e o CPF do doador.