Renda média dos fumicultores é de R$ 6,6 mil

Estado

Renda média dos fumicultores é de R$ 6,6 mil

Pesquisa traça perfil socioeconômico. Diversificar eleva rendimento na lavoura

Renda média dos fumicultores é de R$ 6,6 mil
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O faturamento mensal dos produtores de tabaco da Região Sul chega a R$ 6.608,70. Quando dividida por pessoa, a receita alcança R$ 1.926,73 por mês, valor acima da renda nacional per capita média, que é de R$ 1.113.

Os dados fazem parte da pesquisa Perfil Socioeconômico do Produtor de Tabaco da Região Sul, encomendada pelo Sinditabaco à Ufrgs. “Queremos desfazer mitos e inverdades ditas sobre a cadeia. É um trabalho inédito, feito por uma instituição séria e não dá margens para contestações”, justifica o presidente, Iro Schünke.

A pesquisa foi realizada com 1.145 produtores de RS, PR e SC, com margem de erro de 2,9%. Segundo o coordenador, professor Luiz Antonio Slongo, a remuneração de quem planta apenas tabaco é de R$ 4.601,65. “Quem diversifica ganha R$ 7.836,40”, aponta. Hoje cerca de 50% das famílias consorciam o fumo com outras atividades agrícolas.

Em torno de 80,4% delas pertence aos estratos sociais A, B1 ou B2. A média geral brasileira não chega a 22%. Para Slongo, os produtores estão satisfeitos na atividade. “Expressam sentimentos de realização e de satisfação, que nada têm a ver com a falsa imagem de sofrimento, ou de abandono, que muitas vezes se quer a eles incutir”, conclui.

Em Santa Catarina, o vencimento médio é de R$ 7.773,04, seguido pelos paranaenses, com R$ 6.804,36. Por último, os gaúchos, cuja renda média é de R$ 5.751,46.

A discrepância, segundo Schünke, é devido à precária infraestrutura, como o abastecimento de energia elétrica, pois no RS a maior parte da rede é monofásica. Isso dificulta investir em outras áreas, até mesmo na instalação de fornos elétricos para auxiliar na melhora da qualidade do fumo vendido à indústria.

Para o líder, a cadeia produtiva do tabaco tem sido alvo de acusações nos mais diversos fóruns – o produtor ganha pouco, não tem qualidade de vida, acesso à tecnologia, só tem renda com o tabaco, não tem orientação etc. Essa pesquisa desfaz essas inverdades. Os resultados não surpreenderão quem conhece o setor, mas impressionarão quem ainda recebe informações de fontes antitabagistas, finaliza.

foto-rendaRenda e sucessão

José Alfonso Rippel, de Linha Hansel, em Venâncio Aires, é neto de fumicultor. Ao lado da mulher, da filha, do genro e de outras 26 pessoas, planta 600 mil pés de fumo, numa área de 42 hectares, entre terras próprias e arrendadas.

Têm 20 estufas e mais duas arrendadas. Trabalham diretamente com seis famílias que, por sua vez, expandem o negócio, envolvendo, no total, 30 pessoas. Por safra, são colhidas 7,3 mil arrobas, foram comercializadas no último ciclo a uma média de R$ 150 a arroba.

A renda mensal para cada trabalhador chega a R$ 3 mil. O lucro estável e a qualidade de vida fizeram a filha Cleusa permanecer na lavoura. “Cursei Engenharia Agrícola por seis meses e desisti. Aqui ganho mais dinheiro. Busco aperfeiçoamento em cursos para reduzir o uso de agrotóxicos, diminuir custos , melhorar a produtividade e a qualidade do tabaco.”

Conforme Ripel, não há cultura tão rentável na pequena propriedade. “Até hoje o governo nunca apresentou uma cultura de igual retorno, com garantia de preço, compra, orientação técnica, linha de crédito e onde se aplique tão pouco agrotóxico”, destaca.

Após a colheita, 15 hectares são arrendados para um vizinho produzir soja. A porcentagem chega a 15% do total produzido. A diversificação tem como base a subsistência, proveniente do cultivo de frutas, feijão, milho e horta e da criação de suínos, galinhas e gado.

 

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