Scussel assume presidência da Alsepro

Lajeado

Scussel assume presidência da Alsepro

Ex-comandante do CRPO ficará à frente da entidade pelos próximos dois anos

Scussel assume presidência da Alsepro
Lajeado
oktober-2024

O policial militar da reserva e advogado, coronel Antônio Scussel, foi eleito presidente da Associação Lajeadense Pró-segurança Pública (Alsepro) na noite de quarta-feira, 30. Scussel liderou o Comando Regional de Polícia Ostensiva (CRPO) do Vale do Taquari durante quase sete anos e acompanha as discussões da entidade desde a criação, em 2007.

Para o coronel, assumir a Alsepro é um desafio, diante das conquistas alcançadas pela entidade nos últimos anos. Segundo ele, a entidade tem características que precisam ser mantidas. Entre elas, estão a participação voluntária, a realização de projetos concretos e as decisões colegiadas.

“Toda as ações da Alsepro incluem as entidades participantes e cidadãos voluntários que não estão ligados a essas organizações, mas decidiram se dedicar à causa”, aponta. Para ele, o sucesso da entidade vai além da inauguração das obras do novo albergue e do presídio feminino.

“Sempre trabalhamos com planejamento estratégico. A entidade a auxiliou, inclusive, no planejamento do CRPO”, ressalta. Segundo ele, a relação entre a associação e as instituições de segurança e justiça é a melhor possível.

Lembra que a função da Alsepro é receber e apoiar as demandas dos órgãos de segurança pública. Conforme Scussel, a expectativa para o próximos dois anos é de manter essas parcerias e trabalhar para concretizar os projetos definidos pelas entidades da área.

Prevenção ao crime

De acordo com Scussel, a principal função da Alsepro é trabalhar nas três esferas de prevenção contra a criminalidade. Na esfera primária, a entidade visa trabalhar projetos capazes de evitar que jovens em situação de vulnerabilidade social ingressem no mundo do crime.

Nessa área, a associação trabalha com ações como o Adolescente Legal com Música, que hoje atende 56 jovens, além de apoiar projetos como Vida + Viva Sem Álcool, desenvolvido pelo Ministério Público.

No campo secundário, que diz respeito à repressão e punição das pessoas que cometeram crimes, a entidade busca apoiar os órgãos de segurança pública com a contratação de estagiários e a compra de equipamentos como os GPS que fazem o monitoramento da frota da BM.

A terceira área de atuação é a reinserção dos presos na sociedade. Nesse quesito, ressalta o papel da Alsepro na construção do presídio feminino. “É atribuição dos presídios recuperar o apenado, mas essa função é raramente cumprida.”

Para Scussel, as penitenciárias precisam ser vistas não apenas sob o ponto de vista punitivo, de forma a causar sofrimento para os presos. “Um dia essa pessoa voltará para o convívio da sociedade e reproduzirá na comunidade aquilo que viveu no cárcere.”

Ressalta que hoje a maior parte das penitenciárias está entregue à própria sorte e acaba se tornando verdadeiro QG da criminalidade. Para ele, a obra do presídio femínino é um exemplo que pode inverter a lógica punitivista do sistema prisional brasileiro e realmente trabalhar na recuperação das presidiárias.

Atuação conjunta

A Hora – Como avalia a responsabilidade de assumir a presidência da Alsepro?

Antônio Scussel – É um desafio enorme, mas como participo permanentemente das reuniões sei bem o que a Alsepro faz, como ela atua e por que ela chegou aqui com tanta credibilidade. Queremos honrar a confiança que o cidadão de Lajeado deposita na entidade. O trabalho desenvolvido pela Alsepro é muito bom, porque inclui pessoas absolutamente devotadas e voluntárias. As pessoas não mudam e não tenho dúvida que vamos seguir nessa meta de concretizar os nossos projetos. Nossas decisões serão sempre impessoais, partindo da Alsepro por meio do seu colegiado.

Quais os projetos previstos para os próximos anos da entidade?

Scussel – Temos recebido manifestações de várias pessoas e especialistas na área da segurança. Entre as ideias, estão nos colocando aquilo que se pode fazer às vezes com pouco ou nenhum investimento financeiro. Às vezes algumas coisas muito simples também têm impacto importante na vida das pessoas e o voluntariado vai nos permitir ampliar a nossa atuação. Temos um grande guarda-chuva, que é a prevenção ao crime nas três esferas da segurança pública. Vamos continuar discutindo, construindo e concretizando ações como as que estão em andamento.

Como a relação entre a Alsepro e os demais órgãos de segurança contribui para concretizar os projetos?

Scussel – Durante a eleição, recebemos manifestações de apoio do Judiciário e do MP. São poderes que contribuem com valores das penas pecuniárias. Dos R$ 910 mil aplicados na obra do albergue e do presídio feminino, R$ 650 mil vieram das penas pecuniárias. São verbas que, se forem bem aplicadas, podem continuar mudando a realidade da região nas três áreas de prevenção. Faremos um planejamento do que poderemos executar em curto médio e longo prazo, sempre ouvindo as entidades e instituições.

Quais as propostas para melhorar o sistema prisional de Lajeado?

Scussel – Lajeado é um case de sucesso nacional, mas recebemos um desafio do secretário Cezar Schirmer, de trazer o sistema de Apac para o RS. Por meio dele, uma entidade privada, normalmente uma ONG, assume a gestão do presídio. Vamos discutir com a diretoria da Alsepro se é possível esse desafio. Primeiro temos que conhecer o sistema para ver a possibilidade de implantá-lo. Em São Paulo e Minas Gerais, o sistema tem índice de reincidência baixíssimo, de cerca de 20%. Mas ainda temos que conhecer melhor essa ideia.

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