Diagnósticos de aids  crescem 10% em Lajeado

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Diagnósticos de aids crescem 10% em Lajeado

Desde o início do ano, 120 pessoas foram diagnosticadas com o vírus HIV pelo SAE Lajeado

Diagnósticos de aids  crescem 10% em Lajeado
Vale do Taquari
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Apesar das campanhas sobre a importância do uso de preservativos, há pouco o que comemorar neste Dia Mundial de Combate à Aids. O número de casos da doença tem aumentado gradativamente, inclusive na região. Em comparação com o último ano, 120 pessoas foram diagnosticadas com o vírus pelo Serviço de Atendimento Especializado em HIV/Aids (SAE) de Lajeado.

Um aumento de 10% nos cadastros do serviço, passando de 1.185 para 1.305 pessoas, de 55 municípios da região e de fora dela. Em Estrela, no mesmo período, a quantia subiu de 389 para 413 – 6% de alta. Em ambos os SAEs, o número de homens e mulheres infectados é praticamente o mesmo. A faixa etária é variável, sendo predominante em pessoas dos 20 aos 50 anos.

Para a coordenadora do SAE de Lajeado, Waldirene Bedinoto, o acesso facilitado ao teste rápido da aids, e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) tem sido a principal causa do aumento do número de diagnósticos. “Estamos chegando a pessoas que antes nunca haviam feito o exame. Elas fazem fila para o teste.”

Apesar de crescentes, os diagnósticos ainda não representam a totalidade de infecções. Segundo o Ministério da Saúde, apenas 87% das pessoas que vivem com o HIV foram diagnosticadas. Os outros 13% continuam sem saber. A maioria por não ter sintomas específicos, como febre ou emagrecimento.

Falta de prevenção

Waldirene também atribui a alta à falta de prevenção nas relações sexuais. “Muitos acreditam ser dispensável, principalmente quando mantêm o mesmo parceiro durante anos, sem lembrar que esse já teve outras relações. Enfim, eles têm acesso à informação, mas preferem correr o risco.”

Para a coordenadora do serviço estrelense, Maria de Lourdes Wermann, há dificuldades de prevenção em todas as faixas etárias.“Os jovens conhecem os métodos, mas são seletivos com quem vão usá-los. Algo parecido ocorre com os adultos maduros que, mesmo conhecendo os riscos, agem como se fosse algo muito distante de sua realidade.”

Aids no RS e Brasil

No RS, estima-se que 0,8% dos habitantes sejam soropositivos, no Brasil, a prevalência é de 0,4%. O sub-tipo do vírus prevalente também é mais forte em relação as outras regiões brasileiras.

Em 2015, havia 830 mil pessoas com o vírus no país, sendo 19,7 a cada cem mil habitantes. Um número considerado estável, apesar de a cada ano serem descobertos, em média, 40 mil novos casos da doença. O número de mortes relacionadas à aids é de 15 mil. A maioria causada por doenças geradas a partir da imunodeficiência, como pneumonia e tuberculose.

Portador do vírus HIV faz oito anos, o agricultor de Cruzeiro do Sul enfrenta            a doença com três comprimidos por dia e exercício físico regular

Portador do vírus HIV faz oito anos, o agricultor de Cruzeiro do Sul enfrenta a doença com três comprimidos por dia e exercício físico regular

Uma mudança de vida

A falsa ilusão de manter relações seguras foi uma armadilha para um agricultor, de 25 anos, morador do interior de Cruzeiro do Sul. Descobriu a doença há oito anos. Procurou o médico após ver manchas vermelhas nos braços e tórax.

Pensou que fosse sarampo, mas depois do exame de sangue teve a confirmação de que era soropositivo. “Às vezes você não conversa com a pessoa sobre isso. Acha que ela jamais pode ter. Até mesmo aquele que tem, muitas vezes não sabe, e continua fazendo sem camisinha, porque acha que é melhor.”

Desde então, a vida mudou. Ele passou a ir todos os meses ao SAE de Lajeado para retirar o antirretroviral.

A camisinha é indispensável, em todas as relações. “Não importa com quem seja, eu uso. Minha namorada soube antes de dar o primeiro beijo. Falando a verdade, as pessoas criam mais confiança. Porque descobrir depois é bem pior.”

A prática do karatê e os treinos na academia também o ajudam a manter forte o sistema imunológico. “Ainda trabalho muito, mesmo. Me movimentando, vou trazendo equilíbrio ao corpo.” A carga viral está alta, e ele até acredita na cura. “Acredito nos avanços da medicina.”

Para Waldirene, o uso do preservativo deve ser considerado mesmo com um parceiro fixo

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Preconceito: a pior face da aids

O que ele ainda não conseguiu superar é o preconceito. “Para mim foi tranquilo saber, mas minha família não encarou bem. Muitos querem distância, pois não têm conhecimento de que é uma doença como qualquer outra.” Ele encontrou conforto nos amigos e na namorada. “Receberam muito bem a notícia, e a amizade só aumentou. Aqueles que se afastaram é porque realmente não mereciam ficar por perto.”

Para Waldirene, a mudança está no respeito. “Acho que precisava haver essa desmistificação. Há uma percepção de que a aids é gerada a partir da promiscuidade, uso de drogas, prostituição, mas isso não é verdade. Todos estão expostos.”

HIV e aids

HIV é um vírus que se espalha por meio de fluídos corporais e afeta células específicas do sistema imunológico. Ao contrário de outros vírus, o corpo humano não consegue se livrar do HIV. Isso significa que uma vez que você contrai o HIV, viverá com o vírus para sempre. Sem o tratamento antirretroviral, o HIV afeta e destrói essas células específicas do sistema imunológico e torna o organismo incapaz de lutar contra infecções e doenças. Quando isso acontece, a infecção por HIV leva à aids.

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