A aluna Ana Carolina Machado começou a tocar flauta no programa de aulas musicais da Sociedade Lajeadense de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Slan) há quatro anos. Aprendeu escaleta e hoje consegue ler partituras e tocar saxofone. “Não posso mais parar. Eu amo música e quero ser professora de sax”, afirma empolgada.
Como ela, cerca de 150 crianças beneficiados com aulas de inclusão musical correm o risco de perder o benefício por falta de recursos financeiros. O projeto inicial contou com a participação do Banco do Brasil e do Rotary Club, mas o prazo de execução expirou.
A entidade oferece instrumentalização musical para crianças a partir dos 2 anos. Desde outubro de 2015, arca sozinha com os custos de manutenção. Rifas, campanhas e promoções foram realizadas para manter o projeto, mas, conforme a coordenadora administrativa, Sandra Regina Pretto, não é suficiente.
De acordo com ela, no processo vigente, de Fundo Comum, no qual a Slan está incluída, o dinheiro é dividido entre todas as entidades da cidade, não sendo possível destinar as doações para projetos exclusivos.
Segundo Sandra, o sistema de carta captação, que permite abater a doação nos impostos, é uma saída para manter a ideia ativa, pois tanto empresários quanto pessoas físicas podem doar. “Se torna mais fácil porque é possível destinar a verba diretamente ao projeto de música.”
Na entidade faz 29 anos, Sandra afirma que o projeto oportuniza visibilidade dos alunos. “Antes não eram vistos, ou eram de maneira diferente. Viviam escondidos. Agora se nota a diferença no comportamento deles.”
Os alunos de instrumentos de sopro, cordas, percussão e coral se apresentam em diversos eventos, melhorando a autoestima e descobrindo pequenos talentos. O professor de música Alex Fabiano Duarte atua faz seis anos na entidade e percebe a evolução dos alunos. “Vivemos na música, desde quando acordamos, com o despertador, até chegarmos ao trabalho e de volta para casa. É preciso contextualizar e impulsionar a música nas crianças.” Além de Duarte, outros dois profissionais ministram aulas na Slan: Taiane Ferreira e João Roberto Eidelwein.
Abatimento de impostos
Segundo a coordenadora pedagógica Angelisa Klein, os custos de manutenção dos equipamentos são altos e os instrumentos estão desgastados devido aos três anos de uso intenso.
O projeto busca um orçamento total de R$ 144,2 mil: R$ 121,2 mil só para instrumentos musicais e R$ 22,2 mil de despesas correntes. “Doações que forem feitas até dezembro possibilitam um abatimento de 6% no Imposto de Renda”, afirma Angelisa.