O combate à violência contra as mulheres ocorre por meio da mudança cultural e comportamental da sociedade. Ações promovidas por diversos órgãos colocam o tema em debate. Ao longo do ano, campanhas permanentes buscam reduzir o número de casos.
Dados da Secretaria de Segurança Pública começam a mostrar uma queda nos índices de Lajeado nos últimos anos. Em 2014, foram registradas 657 ocorrências. A maioria envolvendo agressão ou lesão corporal. Em 2015, o número caiu cerca de 11%. No total, foram 584.
De acordo com a titular da Delegacia da Mulher de Lajeado, Márcia Bernini, neste ano, as ocorrências até novembro mostram redução em relação aos números de 2015. A expectativa é encerrar 2016 com números inferiores a 2015.
Até agora foram feitas 900 ocorrências. O montante soma os casos registrados nos municípios de atuação da delegacia. Segundo Márcia, a queda é resultado das campanhas permanentes desenvolvidas pela rede de proteção.
Ativismo
Para colaborar com essas ações, o mês de novembro concentra os 16 Dias de Ativismo. No Vale, o Fórum de Violência Contra a Mulher faz parte da campanha nacional. A atividade é realizada faz cinco anos e aborda o tema em diferentes vertentes. A edição de 2016 ocorreu no dia 8 e debateu a agressão contra as mulheres no meio rural.
Segundo Márcia, apesar da distância, as mulheres desse espaço estão procurando ajuda e formas de se libertar das diversas formas de ataques praticadas pelos próprios companheiros. A Emater tem feito um amplo trabalho de orientação com esse público. “A mulher mudou muito a consciência em relação a isso, seja na cidade ou no campo. Elas estão descobrindo sua capacidade de enfrentar e de ser independentes.”
Peça gerou debate
O espetáculo As Mãos de Eurídice, apresentado na noite dessa quarta-feira, em Teutônia, trouxe à tona a reflexão acerca da violência doméstica. O público que compareceu na Comunidade Católica Cristo Rei debateu as cenas com estudantes de Psicologia e sociólogos.
Na história, o personagem principal abandona a família porque a mulher passa a ser independente e a frequentar lugares sociais. Depois de sete anos, ele volta e cobra a mesma vida que tinha antes, mas descobre que o filho havia morrido e que a mulher estava com outro. Revoltado, culpa a companheira por tudo. As cenas deixam subentendido que o homem havia matado a mulher. Ele nunca apontou para si a responsabilidade pelo fim do relacionamento.
Para o estudante de Psicologia da Unisc, Tony Filho, a peça vai além de um espetáculo teatral, tornando-se um experimento social. Afirma que a plateia é convidada ao confronto. “As mulheres, tocadas com o espetáculo, expuseram o grande número de microviolências sofridas diariamente.” Conta que, na maioria dos casos, agressões verbais acabam por oprimir, o que, segundo ele, não deixa de ser uma agressão. “Quando os dois trabalham fora e na hora de arrumar a casa o homem ‘ajuda’, está na verdade oprimindo. Ninguém ajuda ninguém. Na verdade cada um faz sua parte”, afirma.