Aurora Amélia Schmitd é mãe de sete filhos, tem 12 netos e sete bisnetos. Nasceu em 25 de junho 1913, quando o RS tinha ainda cerca de um milhão de habitantes. Governada por Borges de Medeiros, a população das grandes cidades passava para modernidade com uma herança administrativa colonial obsoleta.
Inspire-se
Você sempre foi uma leitora assídua?
Eu lia algumas coisas na escola, porque era em alemão. Hoje gosto de folhear o jornal, olhar as fotografias. Tenho um olho cego e o outro enxergo mal, então, para mim é difícil. Mas entendo muita coisa e outras peço para lerem para mim. Então quando tem jornal, eu faço questão de ver. Acho que assim eu me mantenho firme.
Como é sua rotina?
Minha rotina é acordar de manhã, organizar e escolher uma roupa. Daí vou sozinha ao banheiro, mesmo pela madrugada. Não preciso de ajuda. Sempre fui independente. Depois das minhas tarefas de quarto, vou à sala, com o andador. Sento numa poltrona e fico pensando em minha vida, em como fui parar aqui. Mas eu sei que é preciso, pois tenho melhor atendimento.
Conte um pouco de como era antes.
Desde que meu marido morreu, há mais de 40 anos, me viro só. Continuei a trabalhar na roça. E depois da morte de um filho, acabei morando sozinha na mesma casa que constituí a minha família. Foi muito doloroso. Mas eu segui. Não queria parar para não pensar bobagem. Então, hoje estou aqui, porque não foi mais possível morar sozinha e também porque meus filhos acharam melhor.
O que você pensa do futuro?
Não penso em futuro. Minha memória falha, mas vez ou outra sonho com a minha casa. Aprendi muito em relação à humanidade. Antigamente os vizinhos se ajudavam mais.
