Famílias ganham registro de cultivo orgânico

Arroio do Meio

Famílias ganham registro de cultivo orgânico

Atestado comprova produção livre de agrotóxicos. Atividade abrange 20 produtores

Famílias ganham registro de cultivo orgânico
Arroio do Meio

Todos os dias o produtor José Valdir Schmitz, de Picada Arroio do Meio, observa a lavoura e aplica receitas caseiras para fazer o controle de pragas e doenças. Após trabalhar na indústria por 27 anos, voltou para a roça e se dedica à produção de alimentos.

Na propriedade de cinco hectares, cultiva aipim, batata-doce, laranja, banana, couve-flor, alface, couve-chinesa, temperos e outras variedades. “A diversidade garante uma renda estável durante o ano todo e segurança alimentar para nós.”

O cultivo é feito sem agrotóxico e conquista cada vez mais clientes.

A realidade é bem diferente da época em que começou as vendas. “Chegaram a me mandar embora. Fiquei desanimado, mas não desisti. Hoje as pessoas reconhecem o valor do meu alimento e sabem como é produzido. Aquilo que comemos em casa, é o mesmo oferecido ao cliente.”

Por ciclo, mais de 30 mil mudas são cultivadas em estufas e a céu aberto. As vendas mensais chegam a R$ 2,5 mil. Ressalta a importância da orientação técnica por parte da Emater e os incentivos oferecidos pela Secretaria da Agricultura.

A propriedade de Schmitz foi uma das sete a receber a Declaração de Cadastro de Agricultor Familiar Orgânico. O documento é uma forma que essas famílias terão de comprovar ao consumidor direto que os produtos são orgânicos.

O Organismo de Controle Social Defensores da Natureza foi formado em 2015. Além dos produtores, o grupo conta com a participação de dois consumidores e técnicos da Emater. São quatro produtores de Picada Arroio do Meio, um de Arroio Grande, um de Passo do Corvo e outro da Cascalheira.

Ivo e Gelsi Berschorner cultivam frutas no sistema orgânico faz nove anos. Além da mudança no estilo de vida e preço diferenciado, ressaltam a importância de oferecer ao cliente um produto sadio. “Faz bem para todos consumir essas frutas”, destaca Ivo. Por mês comercializam dez mil unidades de limões, bergamotas e laranjas para a merenda escolar.

Demanda cresce

Conforme o técnico da Emater André Müller, o interesse em consumir produtos orgânicos cresceu nos últimos anos. Hoje, segundo ele, praticamente todas as culturas, seja de frutas ou verduras, já são produzidas pelo método orgânico, mesmo que em pequena quantidade. Os consumidores estão mais conscientes sobre a importância de consumir um produto saudável, sem inseticidas, assegura.

A atividade abrange 20 famílias e cultiva em média 40 hectares – frutas, hortaliças e demais culturas como aipim batata-doce, milho-verde, entre outras. Müller orienta quem investir na atividade a buscar orientação técnica. “Produzir organicamente requer observação, trabalhar a prevenção. Não é só uma boa fonte de renda, é um estilo de vida, onde existe preocupação com a saúde e o ambiente”, resume.

Assim como ocorre nos EUA, as feiras do produtor se tornaram o principal canal de vendas. As grandes redes de supermercados exigem demanda e costumam pagar menos. O contato direto com o cliente abre possibilidade de diversificar a produção e incrementar o lucro, destaca.

Saiba Mais

O cultivo de orgânicos ocupa 1 milhão de hectares no país (0,3% da área agrícola). São 10,5 mil produtores em todo país, cujo faturamento cresce em média de 10% ao ano. No Estado, são em torno de 930 agricultores ecológicos que priorizam técnicas naturais ao produzir alimentos. Estão em funcionamento 89 feiras e 69 supermercados, lojas e restaurantes utilizam produtos, segundo pesquisa da Emater e UFRGS.

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