Produção de alimentos norteia debates

Lajeado

Produção de alimentos norteia debates

Promovido pela BRF, Viva Integração reuniu produtores em palestra com o apresentador do Globo Rural Nelson Araújo

Produção de alimentos norteia debates
Lajeado

Mais de 1,5 mil pessoas estiveram no Parque do Imigrante na terça-feira, 15, para participar do evento Viva Integração. Promovido pela BRF, o encontro teve o objetivo de estreitar os laços da empresa com os produtores de aves, suínos e seus familiares. Teve como atração principal a palestra com o jornalista e apresentador do Globo Rural, Nelson Araújo.

Coordenador de Sustentabilidade Agropecuária da companhia, Paulo Rossato ressaltou a contribuição da BRF para a geração de renda na região. A empresa é a principal fonte de empregos e tributos para o Vale do Taquari.

“A Expovale é uma grande oportunidade para mostrar para a sociedade o quanto contribuímos para o desenvolvimento regional”, aponta. Conforme Rossato, o sistema de integração se caracteriza pela união de forças em favor da produção. Segundo ele, esse é um dos motivos para a BRF se destacar na produção de carnes.

Araújo iniciou seu painel sobre sustentabilidade no campo agradecendo às pessoas que trabalham para colocar comida no prato dos brasileiros. Apresentou números da produção de carne, grãos e das exportações do país no ramo do agronegócio.

Segundo ele, o agronegócio foi responsável por 30 milhões de postos de trabalho em 2016 e é responsável por 1/4 de toda a riqueza gerada no país. “Cada um de vocês contribui para isso.”

O jornalista falou sobre a importância de duplicar a produção de alimentos diante do aumento da população mundial, que deve chegar a 9,6 bilhões. Para isso, defende medidas que garantam a sustentabilidade, como o combate à poluição e o uso racional da água.

Para o produtor de Arroio do Meio, Vilson Backes, o evento cumpriu com a proposta de aproximar os agricultores e a empresa. “Geralmente temos contato apenas com os técnicos”, alega. Segundo ele, foi uma oportunidade para conhecer todas as pessoas que fazem parte do sistema integrado.

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Negócios e empreendedorismo

Na tarde de ontem, foi realizada a Rodada de Negócios Expovale 2016. Organizado pelo Sebrae Vales do Taquari e Rio Pardo, o evento reuniu oito empresas compradoras e 81 fornecedoras no Salão de Eventos da Acil.

Foram realizadas 134 reuniões, que resultaram em R$ 990 mil em negócios para os próximos 12 meses. Comprador da empresa Florestal, Rogério Diesel afirma que o encontro permite conhecer um grande número de propostas de fornecedores das mais diferentes áreas.

“Em uma tarde, ganhamos muitas novas opções”, ressalta.

Vendedor da empresa Britagem Cascalheira, Genésio Farias acredita que o evento é uma oportunidade ímpar para divulgar a marca e expor a linha de materiais para possíveis parceiros. “Já trabalhamos com grande parte das empresas compradoras, mas também queremos esclarecer dúvidas e ouvir opiniões para agregar ao negócio.”

Para André Luis Klein, representante da Certa Portas Blindadas, o contato entre pequenas e grandes empresas é o maior benefício do evento. “Abrem-se as portas das grandes companhias, dando aos pequenos empresários a chance de se tornarem fornecedores em potencial.”

Na noite de ontem, duas oficinas promovidas pela Univates abordaram o empreendedorismo e liderança no auditório Expovale. De acordo com a diretora do Centro de Gestão Organizacional da Univates, Evania Schneider, os painéis de 45 minutos apontaram as características do comportamento exigido para empreender ou exercer papel de líder.

Rodada de negócios resultou em R$ 990 mil em transações para os próximos meses

Rodada de negócios resultou em R$ 990 mil em transações para os próximos meses

Alimentos em pauta

Entre hoje e amanhã ocorre o XVI Workshop em Alimentos da Expovale. Promovido pelo Grupo Técnico de Alimentos em parceria com a Acil, o evento ocorre na sede da Associação Comercial e tem a presença confirmada de 160 pessoas.

 

 

 

“Da virada dos anos 1980 para cá, houve uma recuperação da autoestima do pessoal do campo.”

“Notícia é o que aquelas pessoas vivem, fazem e sonham”

A Hora – Como o senhor enxerga o papel do RS no agronegócio?

Nelson Araújo – É um dos principais motores e uma das referências do Brasil de hoje. Acho que o Brasil do amanhã está do Mato Grosso para cima. Se eu vou para Lucas do Rio Verde, para Roraima ou para o Pará, pode ter certeza que vou encontrar um CTG. O RS simboliza muito a metáfora da mola propulsora, porque os gaúchos souberam levar a atividade para outros locais, foram desbravadores. Isso faz parte da história. O costume de comer charque em todo o país surge com os gaúchos.

O país deu um grande salto na produção de alimentos, principalmente de grãos. Por outro lado, se tornou um dos principais consumidores de agrotóxicos do mundo. Quais as consequências desse cenário?

Araújo – Até 1970 o Brasil era importador de alimentos, mesmo com uma área de nove milhões de hectares. A safra de grãos era de 33 milhões de toneladas em 1978. Hoje está em torno de 200 milhões. Faz pouco tempo teve uma lagarta que foi o terror do agronegócio. Na época vi plantarem algodão e pulverizarem veneno na frente da plantadeira. Durante quatro ou cinco meses, era uma carga de veneno por semana.

Como os transgênicos se inserem nesse cenário?

Araújo – Os transgênicos, que provocaram tanta polêmica, conseguiram diminuir a quantidade de insumos impactantes na lavoura, assim como o plantio direto. Não estou defendendo ou condenando os transgênicos, mas não é só a questão do agrotóxico. Também tem o fósforo, o potássio, entre outras substâncias. Essas reservas são limitadas. Tem que ter um trabalho contínuo de pesquisa para desenvolver variedades que exigem menos impacto. Fazer orgânico também é uma opção, mas não é de uma hora para outra. É possível pensar em algo que diminua cada vez mais os impactos.

Existe hoje uma preocupação em manter os jovens no meio rural. É possível evitar essa saída, principalmente nas propriedade familiares?

Araújo – De um modo geral, o movimento do campo para a cidade era muito intenso quando comecei a trabalhar, nos anos 60 e 70. Isso diminuiu, tanto porque as famílias ficaram menores quanto por um movimento de retorno da cidade para o campo. Hoje as famílias estão começando a agregar valor aos produtos, por meio das agroindústrias. Existe faculdade e pós-graduação para filhos de fazendeiros. Nas décadas de 50 e 60, nem o filho do fazendeiro mais rico queria ficar no campo. Da virada dos anos 1980 para cá, houve uma recuperação da autoestima do pessoal do campo. Antes, ser da roça era muito pejorativo e a fazenda significava o atraso. Em 2016, o campo é o avanço.

O Globo Rural tem como característica apresentar os assuntos do agronegócio sob o ponto de vista das pessoas que vivem o campo. Qual a importância de trabalhar o tema dessa forma?

Araújo – Para mim, jornalismo é gente. A própria linguagem do Globo Rural procura passar por esse caminho, que é o natural. É ver a experiência que cada um está vivendo e ouvir as histórias que eles têm para contar. Notícia é o que aquelas pessoas vivem, fazem e sonham. O programa agrada, e tem uma credibilidade alta, porque procuramos ser fiel ao que está ocorrendo. Não é porque a pessoa é uma fazendeiro de grande porte que vai ser fonte ou não. Tratamos todos por igual.

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