Ana Terra encerra ano do Sesc Mais Leitura

Lajeado

Ana Terra encerra ano do Sesc Mais Leitura

Ilustradora palestra hoje e amanhã para os estudantes

Ana Terra encerra ano do Sesc Mais Leitura
Lajeado
oktober-2024

O Sesc Mais Leitura se encaminha para última etapa e traz para a cidade a ilustradora e escritora Ana Terra. As atividades ocorrem no Sesc, das 9h às 13h30min e às 19h. Amanhã, haverá outra palestra, às 9h.

O projeto iniciou em 2012, com o objetivo de dinamizar o acervo das bibliotecas da rede Sesc RS. A proposta é oportunizar palestras ou apresentações literárias, selecionando escritores, professores e especialistas em determinadas áreas e temáticas da literatura. Em 2016, o projeto atuou em 14 cidades e atendeu 28 mil estudantes da rede pública.

Em março, trouxe à região o escritor Vinícius Rodrigues, em maio, a Kombina – uma Kombi com brinquedos antigos que circulou nas escolas em bairros da periferia. O projeto apresentou ainda o escritor Jefferson Assunção e, durante a Feira do Livro de Lajeado, realizou atividades com o escritor William Bergaminde.

Na última edição do Sesc Mais Leitura deste ano, os alunos das séries finais dos ensinos Fundamental, Médio e EJA participam de oficina com a ilustradora gaúcha Ana Terra. Ela iniciou a atividade em 2004, quando ilustrou um poema para o livro Espantalhos, de Marciano Vasques.

As ilustrações foram expostas fora do Brasil, como na Bienal of Illustrations Bratislava, em 2009. Ana Terra recebeu o selo de Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil como o livro Sete Histórias para Contar (2008), de Adriana Falcão. Ficou entre os finalistas do Prêmio Açorianos de Literatura, indicada na categoria Melhor Livro Infantil, com a obra E o Dente ainda Doía. A publicação rendeu o prêmio 30 Melhores Livros do Ano de 2013, pela Revista Crescer.

“A ilustração tem um caráter não como referência narrativa, mas de quem consegue passar sua ideia visualmente, é como um código visual.”

“A escola contribui para o bloqueio criativo”

Ana Terra é o nome de uma personagem que integra o primeiro volume da trilogia O Tempo e o Vento, obra-prima do escritor Erico Verissimo. A escritora e ilustradora considera a trilogia primorosa. Não gosta muito de ter recebido o nome por conta da história triste da personagem. “É baseada no contínuo sofrimento. Mesmo que todos ao meu redor admiram esse nome, não tenho o mesmo ponto de vista.”

A Hora – De onde você tira inspiração?

Ana Terra – Minha inspiração vem de todas as coisas. Nunca posso prever o que me inspira. Às vezes é um filme, uma conversa, uma imagem solta que me dá espaço para criar minhas próprias histórias e meu mundo visual.

No que consiste sua oficina?

Ana Terra – A ilustração tem um caráter não como referência narrativa, mas de quem consegue passar sua ideia visualmente, é como um código visual. Os participantes vão aprender como ler uma ideia graficamente. O exercício criativo, a ideia, é o desbloqueio criativo. Farão atividades nesse estímulo. Geralmente as pessoas se bloqueiam quando crescem. Não experimentam mais coisas novas. Vamos trabalhar as fontes de ideias.

Qual o papel da escola nesse contexto?

Ana Terra – A escola ainda contribui para manter o bloqueio criativo. Em situações ainda na pré-escola podem desviar o padrão comportamental do aluno. A criança passa a desacreditar dos próprios talentos. A escola tem essa responsabilidade por não pluralizar esses diferentes talentos e aptidões. Acabam direcionando as atividades, onde deveria ser uma expressão artística mais sutil, de motricidade fina. Alguns profissionais tentam direcionar e padronizar a estética, transformando seres “bloqueados” criativamente, porque se limitam às mesmas formas repetidas. Não ousam, não saem desse círculo muito pequeno onde a escola quer botar todos dentro.

Como tornar a leitura interessante para um público infantil cada vez mais exigente?

Ana Terra – É possível trabalhar sem ser piegas. Falamos de linhas literárias. Existem autores mais conservadores, mais didáticos, abstratos, então vai muito da linha de cada um. O bom é a diversidade. Trabalhar a veia literária e aptidões. No meu caso, tenho uma mãe professora. Trabalho muito com oficinas em escolas. Tenho uma pitada pedagógica. Gosto de saber que o livro está na escola, em uma linha interdisciplinar. As crianças, hoje, não exigem mais em termos de roteiro, mas elas são menos passivas. Têm mais iniciativa de interagir com as coisas. O que a gente tinha um tempo atrás era uma criança mais passiva, como se fosse da leitura, um ato solitário. E hoje o mundo globalizado, de uma velocidade impressionante, cria leitores que interagem com as histórias. Gosto muito de fazer livros para crianças. Busco de uma forma ou de outra incorporar este momento atual. Não quero apenas impor o que acho que deve ser a literatura. Quero estar presente.

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