Organização conhecida por liderar projetos que geraram o desenvolvimento regional e garantiram avanços pontuais em várias comunidades, a Junior Chamber International (JCI) completa 50 anos de história em Lajeado.
Fundada em 22 de outubro de 1966 por um grupo de pessoas lideradas por Paulo Arthur Lauxen, a associação tem como marca a força de vontade. Um dos primeiros grandes projetos foi a instalação da Apae.
Inaugurada em 1971, a entidade foi construída com recursos angariados pela JCI. “Trabalhamos muito para isso. Assumimos lá e tocamos o barco. Foi no peito e na raça”, comenta Constatino Chiarelli, 77, um dos precursores da Câmara Júnior. Por anos, voluntários da JCI integraram a diretoria da entidade. O contabilista auxilia até hoje.
Ele lembra que na época outra iniciativa marcante foi o Concurso Agricultor do Ano. Instituído em 9 de dezembro de 1974, o projeto tinha o objetivo de identificar os melhores trabalhadores do campo. Membros da JCI e da Emater percorriam o interior de vários distritos da região nessa empreitada.
Com um ano de execução, o projeto já concorreu a uma premiação nacional em Minas Gerais. Um grupo formado por Paulo Lauxen, Chiarelli, Elvídio Eckert e Ruben Antônio Zart e suas mulheres viajou a Minas Gerais para participar da cerimônia. O contabilista ainda guarda recordações do momento, como um arquivo montado para a apresentação do projeto e uma foto.
Logo após esse período, a entidade entrou em um crise, pois seus participantes já chegavam à idade limite, 40 anos, e não tinham sucessores. Foi então que Gunther Meyer, 64, entrou em ação.
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Novo fôlego
Em 1975, ele foi o primeiro presidente desta nova fase.“Eu sempre participei de coisas da comunidade e a entrada na JCI seria uma oportunidade de fazer parte de coisas boas. Nunca imaginei que eu seria eleito presidente e que teria que carregar o legado de muitas coisas em andamento, iniciados pelos que fundaram a JCI Lajeado. Mas, com dificuldade, conseguimos ir adiante.”
Naquele ano, Meyer deu sequência ao Concurso de Agricultor do Ano e ao Prêmio Carlos Jacob Kieling de Liderança – entregue anualmente a personalidades de destaque empresarial e comunitário. Na época, a entidade ainda deu início à Cajula – a maior gincana já existente em Lajeado, que durou cerca de 20 anos (a última edição ocorreu em 2002). “Todos têm boas ideias, mas se juntarmos as nossas com as de mais pessoas e trabalharmos em grupo, podemos fazer mais”, acredita Meyer.
Outros movimentos que marcaram época foram o Auto e Moto Passeio e, em 1998, a reforma do antigo fórum para instalação do Comando Regional da Brigada Militar (CRPO). Para a obra, a entidade contou com parceiros e reuniu os recursos necessários. “Foi reformado para manter o CRPO em Lajeado, pois na época havia a possibilidade de transferência ou integração a outro comando. Foi um belo exemplo do envolvimento da comunidade”, conta Ito Lanius, que ainda participava da JCI. O período também foi dedicado a uma reflexão, da própria JCI, sobre seu propósito. O grupo passou a focar em atividades comunitárias, e extinguiu eventos recreativos.
A JCI em 2016
Hoje, a JCI tem 25 integrantes. A média de idade varia entre 25 e 30 anos. A rotatividade de participantes ocorre há cada quatro anos, tendo em vista que uma pessoa não pode ocupar o mesmo cargo duas vezes. A presidente é a advogada Marina Lanius, 27, que entrou na organização em 2013, seguindo o exemplo do pai e dos dois irmãos mais velhos. Antes de alcançar a presidência, foi coordenadora do projeto #partiu que incentiva e orienta alunos do Ensino Médio a realizar intervenções urbanas. “Entrei por ter essa possibilidade de auxiliar os outros. A maioria dos componentes do grupo tem esse perfil comunitário. Gosta de ir até as pessoas e buscar alternativas para atender suas necessidades.”
Marina considera que esse intenso envolvimento está ligado ao espírito voluntário da região. “Sempre dizem que as pessoas decididas profissionalmente buscam algo mais para se preencher. Aqui, muitos optam por ajudar aos outros. Há uma cultura de que nem tudo é dinheiro”, afirma.
Para ela, essa sensação é inexplicável. “É gratificante. Muito bom saber que podemos ajudar outras pessoas, sem receber nada em troca. Acabamos nos desenvolvendo como seres humanos.”
A entidade não é assistencialista, ou seja, não promove campanhas de doação ou arrecadação. Seu intuito é levantar ideias sustentáveis para resoluções de diferentes problemas. Os projetos têm como base o Marco da Cidadania Ativa, que parte da identificação de necessidades, posterior formação do projeto, conquista de parceiros e aplicação. “Fazemos uma espécie de laboratório. Se identificamos a possibilidade de execução e manutenção, repassamos aos envolvidos para que eles levem adiante.”
Projetos atuais
Hoje a JCI realiza três projetos. Um deles, chamado de Viagem para o Futuro, trabalha com 15 crianças carentes o afastamento do estigma de vítimas. Há dois anos, várias já foram encaminhadas pela Delegacia de Polícia e participam de encontros quinzenais no CRPO. A entidade firmou parceria com um psicólogo, que faz o serviço técnico com as crianças. “Já tivemos ótimos resultados. Muitos melhoraram na escola”, conta Marina.
Pelo segundo ano, a entidade também realiza o Projeto Composta do Vale. “Conscientizamos as pessoas para que reaproveitem os resíduos orgânicos que produzem em casa. Depois de passar pela composteira, eles podem ser usados como adubo.” Em parceria com o Fórum de Resíduos Sólidos da Univates, a ideia deve ser levada para as escolas em 2017.
Alunos do 3o ano do Colégio Castelo Branco já tiveram, em 2016, a oportunidade de serem protagonistas de um projeto da JCI. Intitulada como Mentes Pensantes, a proposta levou os estudantes a formularem três projetos, ligados aos animais, à segurança pública e às crianças.
“A ideia era que fosse analisada a viabilidade dessas propostas. A que mais se destacar será encabeçada pela JCI e desenvolvida pelos alunos. Tivemos resultados muito significativos”, explica Marina. O famoso Oratória nas Escolas foi repassado, em 2015, aos municípios. Por enquanto, somente Westfália tomou a frente e participa.
Baile
No dia 3 de dezembro, a entidade realiza um baile em comemoração ao cinquentenário. O evento ocorre no Weiand Turis Hotel.
“A JCI é feita de pessoas com um sonho em comum de viver e deixar um mundo melhor”
Em 2017, a entidade continua sendo liderada por uma mulher. A auxiliar administrativo, Deise Konrad, 24, será a responsável pela nova gestão. Na entidade desde 2013, ela participou do projeto #partIU como secretária e tesoureira; envolveu-se no Projeto Oratória nas Escolas; foi secretária do Conselho Diretor; e coordenou o curso ADM, realizado em âmbito nacional.
A Hora – O que lhe motivou a participar?
O sonho de viver num mundo melhor, com mais amorosidade e humanidade, e sabendo que só conseguimos isso trabalhando juntos e unidos foi o que me motivou a ingressar na organização. Entrei acreditando que estaria doando meu tempo para belas causas, mas no decorrer descobri que mais recebo do que doou para a organização. O aprendizado e experiências que temos como juniores é fantástico e imensurável.
No que pretende avançar na sua gestão?
A JCI Lajeado deve continuar a crescer e se desenvolver em Lajeado, a cada ano surgem novos desafios e demandas. Por isso, o foco da gestão será realizar projetos com impacto positivo, buscando na comunidade as necessidades de ações e desenvolvendo novos projetos ao decorrer do ano, além de dar continuidade aos que já vêm sendo realizados e que forem aprovados no planejamento estratégico a ser realizado no início do ano de 2017. Desenvolvimento, organização, união, envolvimento e humanidade serão os lemas da gestão do Conselho Diretor para o próximo ano.
Como você considera que a JCI possa continuar trilhando este caminho vitorioso em Lajeado?
A honrosa história destes 50 anos da JCI Lajeado foi trilhada por membros dedicados e comprometidos pela causa, que através do companheirismo e atitude realizaram e seguem realizando belos projetos e desenvolvendo líderes na comunidade. Sendo assim, a JCI é feita de pessoas com um sonho em comum de viver e deixar um mundo melhor, começando por nós mesmo através das capacitações e desenvolvimento e atuando na comunidade por meio dos projetos. Nós acreditamos que servir a humanidade é a melhor obra de uma vida e essa é a nossa motivação e norte para seguir trilhando a história de sucesso da JCI Lajeado.