Equipes da Polícia Civil de Porto Alegre e da Corregedoria da Brigada Militar cumpriram mandados de busca e apreensão na casa de um PM lotado na região de Encantado. Ele é suspeito de repassar informações a traficantes que planejavam o assassinato de uma juíza, seus familiares e outros policiais.
A operação ocorreu por volta das 7h da manhã de sexta-feira, 11. O suspeito foi conduzido à delegacia de Encantado onde prestou depoimento e negou participação no plano. Depois, foi levado à sede da BM da cidade, onde falou com representantes da corregedoria, antes de ser liberado.
A investigação, que corre em segredo de Justiça, teve como ponto de partida as delações premiadas de dois traficantes da Região Metropolitana. O bando planejava sequestrar uma juíza de Gravataí e atentar contra familiares dela em retaliação a uma operação que prendeu 123 pessoas no ano passado.
O policial do Vale do Taquari é suspeito de repassar à quadrilha todas as informações sobre os alvos dos atentados. A ação dessa sexta-feira teve o objetivo de coletar provas.
Existe a suspeita da participação de outros policiais no esquema. Durante os depoimentos, o servidor admitiu ter compartilhado as senhas de acesso ao sistema de consultas integradas com outros policiais, o que é proibido.
Os nomes do suspeito e dos possíveis alvos da quadrilha foram mantidos em sigilo. Conforme a Polícia Civil, a juíza atuava em Gravataí e teria sido transferida de comarca em função das ameaças.
Processo administrativo
De acordo com o comandante regional do Vale do Taquari, coronel Gleider Cavalli Oliveira, o suspeito de repassar as informações continuará trabalhando de forma normal a menos que a participação dele no esquema seja comprovada.
Conforme o coronel, além de negar o repasse dos dados, o policial colaborou com as investigações e repassou às autoridades todos os equipamentos eletrônicos que tem. Ele também teria oferecido acesso ao histórico bancário e de ligações telefônicas.
Cavalli afirma que o servidor responderá a processo administrativo por ter repassado suas senhas de acesso ao sistema de consultas integradas. “Esclarecemos que nem todos os policiais têm senhas para o sistema. Ele alega ter passado para colegas que solicitaram para atender demandas do policiamento.”
Conforme o comandante, o acesso ao sistema pelo servidor foi cancelado. O oficial também antecipou que o soldado não será preso. “Se a investigação mostrar sua efetiva participação, vamos encaminhar as sanções previstas.”
Quadrilha violenta
O plano para execução da magistrada foi elaborado dentro do Presídio Central por cerca de 15 detentos da quadrilha. A organização criminosa ficou conhecida por ter um carro blindado, apelidado de “Caveirão”, usado para cometer pelo menos 30 assassinatos.
Conforme a investigação, o grupo chegou a movimentar R$ 6 milhões por mês com o tráfico de drogas em Gravataí e ainda atua nas ruas sob o comando de líderes que estão presos.