Benefícios em vigência reduzem no trimestre

Vale do Taquari

Benefícios em vigência reduzem no trimestre

Número de auxílio-doença, nas agências do INSS da região, teve queda de 25,3%

Benefícios em vigência reduzem no trimestre
Vale do Taquari

Com pouco mais de 30 anos, o morador do bairro Campestre, Edson Mittelstädl, tenta voltar a receber o auxílio-doença. Há dois anos o recurso era a única fonte de renda para o sustento.

Desde setembro, não recebe mais o benefício. Percebeu que havia cessado quando foi até a agência bancária e o dinheiro não havia entrado. Desde então, as contas se acumulam. Sem ter condições de pagar o aluguel, a proprietária da casa onde mora pediu que desocupasse o local até dia 20.

Mittelstädl trabalhava no ramo da construção civil e sofreu um acidente de percurso enquanto se deslocava ao trabalho com uma motocicleta. Logo após, entrou com um processo para receber o auxílio-doença.

As perícias eram feitas com frequência, mas em setembro teve alta. O laudo sinaliza condições de ele retornar ao mercado de trabalho. A queda comprometeu os ossos do ombro e desde junho aguarda por uma cirurgia.

Mesmo passando pelo procedimento, o movimento do braço não será normal. “Meu ombro desloca do lugar caso faça qualquer esforço. Tenho osteoartrose, meus ossos estão gastos e sinto muita dor”.

Diante da situação, retornou aos canteiros de obras, única área que tem experiência, mas não suportou a rotina nem por um dia. Na quinta-feira, fez uma nova perícia. O resultado saiu nesta sexta-feira e novamente teve alta.

Os exames feitos com seu médico comprovam a situação de incapacidade. Desde que perdeu o benefício, em setembro, entrou com uma ação judicial para tentar voltar a receber o benefício.

Para sobreviver, desde que perdeu a renda, vive de empréstimos, inclusive para se alimentar. Segundo ele, seu retorno ao mercado de trabalho pode implicar na perda definitiva do benefício já que um processo judicial ainda tramita.

PrintBenefícios cessados

Assim como Mittelstädl, outras histórias semelhantes se repetem. As cinco agências do INSS da região apresentaram queda no número de auxílio-doença em vigência nos últimos três meses. Dados da Gerência Executiva de Novo Hamburgo mostram uma redução de 25,3%.

O órgão não confirma se o índice é resultado do pente-fino feito pelo governo federal, para verificar irregularidades, ou se após esse programa a concessão se tornou mais rígida. De acordo com o Departamento de Comunicação do INSS, ainda não há um balanço com o quantitativo de benefícios cancelados no Vale.

Os dados mostram uma queda gradual a partir de setembro, mês de início da revisão. Teutônia teve uma redução de 31,5% dos benefícios em vigor. O índice é o maior registrado entre as cinco agências do Vale. Em agosto, a agência tinha 140 auxílios-doença em vigência. Em setembro caiu para 116 e, em outubro, para 96. Durante o período, Encantado teve uma queda de 27,2%, Estrela, 26,4%, Lajeado, 23,7% e Taquari, 19,1%. Os números podem ser analisados no infográfico.

Revisão cessa 80% dos auxílios-doença

As revisões do auxílio-doença foram suspensas na sexta-feira da semana passada. A medida provisória que previa o pente-fino perdeu validade na data. Um projeto de lei foi encaminhado ao Congresso com uma nova proposta.

Novas perícias serão agendadas após a aprovação do projeto. Um balanço divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário aponta que em todo o país foram realizadas mais de 20,9 mil perícias. No RS, foram 2,9 mil.

Segundo o órgão, a avaliação feita na primeira etapa irá resultar em uma economia de R$ 220 milhões aos cofres públicos. A cessação resultante das perícias realizadas no RS deve gerar uma economia superior a R$ 36 milhões.

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