Na comemoração dos 61 anos de fundação da Cooperativa Languiru, a diretoria se aproxima dos associados para apresentar panorama de trabalho. A reunião-almoço ocorreu na manhã de sexta-feira, na Associação dos Funcionários da Languiru, a Mimi. A programação contou com palestra do presidente e vice, seguida de almoço.
Diferentemente dos outros anos, em que profissionais convidados palestravam, o presidente Dirceu Bayer tomou a frente no discurso para esclarecer dúvidas e apresentar resultados. O assunto mais polêmico abordado foi a reestruturação da cooperativa desde 2015. Segundo Bayer, sentiram que o cenário econômico apresentava sinais de mudanças negativas. “Temos que prestar contas disso aos associados que são donos da cooperativa. Sem eles, ela não existe”.
Na ocasião, os participantes tiveram espaço para questionar. Para Bayer, oportunizar espaço para esclarecer dúvidas é importante. As decisões tomadas pela cooperativa para reverter o quadro econômico foram vistas de forma desvirtuadas, gerando boatos inverídicos.
Prevendo situação delicada, reduziram quadro funcional em cerca de 200 trabalhadores, além de reterem investimentos e adaptarem as indústrias. Outra novidade apresentada é o reconhecimento de profissionais que se preparam ao longo dos anos e estão prontos para assumir cargos de responsabilidade. A renovação e oportunidade para novos talentos deve dar fôlego e criatividade ao sistema de trabalho.
As medidas geraram resultados positivos que foram apresentados durante a reunião. Ao longo dos anos, a direção investiu na ampliação da marca Languiru. Foram adquiridos dois postos de combustíveis que diversificaram o setor atendido. “Essa crise que enfrentamos é pior do que a de 1929, e maior do que em 2002 quando assumimos. Mesmo assim, temos patrimônio novo. Estamos melhor em 2016 do que em 2015. Mesmo assim é preocupante também, porque não sabemos até onde vai esse cenário”.
Falta política para agronegócio
De forma intensa, a Languiru busca respostas e ações para garantir estabilidade aos produtores rurais. Em cenário positivo, os agricultores investiram, se endividaram com base na projeção positiva de mercado. No entanto, de uma hora para outra, o cenário mudou. “É como puxar o tapete”, ressalta.
Esse golpe duro no segmento de geração de alimentos desestrutura todo o sistema produtivo. O excesso de exportação do milho, que é o principal insumo para criação de animais, gera déficit local e consequentemente o aumento nos custo de produção. Subiu de R$ 33 a saca para R$ 62. A elevação no preço refletiu no produto final, nas prateleiras e desencadeou a retração do consumo.
Como exemplo de medida para evitar tal estopim, Bayer questiona a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) que deveria manter estoque regulador. “Onde está esse estoque? Nos Estados Unidos, se presencia uma supersafra de milho para exportação. Tecnicamente o produtor americano estaria sendo prejudicado. No entanto, o governo banca a diferença, porque valoriza o segmento”.
No Brasil, existe iniciativa do governo federal, com intuito de estimular a competitividade no setor de suínos com o mercado externo. No entanto, sente-se falta de ferramentas que possibilitem alcançar tal patamar. “É dito que o agronegócio é importante, mas só da boca para fora. Na prática, temos muitas dificuldades e muitas coisas a melhorar em termos de políticas agrícolas”, desabafa.
Saiba Mais
A Cooperativa Languiru foi fundada em 13 de novembro. Hoje registra 6,1 mil associados e 2,8 mil funcionários. A área de abrangência se estende por 75 municípios. As unidades de produção e comercialização estão instaladas em 13 cidades.
Os 400 produtos da marca Languiru são distribuídos em 23 estados e exportados para 40 países. A infraestrutura se resume a frigorífico de aves, suínos, produção de rações, supermercados, agrocenter, postos de combustíveis, incubatórios, granjas, centrais de distribuição e unidades de atendimentos.
Com foco em investimento e construção constante, acumula o título de quarta maior cooperativa agropecuária do RS. Além disso, figura entre as 50 maiores empresas do RS e as 120 maiores da Região Sul.