O Sine do município participou ontem da terceira edição do Empregar RS. A feira de empregos ofereceu oito vagas em cinco empresas, número bastante inferior ao do ano passado, quando 36 oportunidades estavam disponíveis.
Mesmo com essa redução, mais de 50 pessoas estiveram no local. Elas assistiram a uma palestra sobre marketing pessoal e foram encaminhadas para entrevistas com os representantes das empresas participantes.
De acordo com o coordenador do Sine, Oilquer dos Santos, o evento é uma oportunidade para que os trabalhadores consigam se apresentar aos empregadores. “Quem fica muito tempo desempregado, fica sem saber onde buscar as vagas.”
O mecânico Paulo Roberto dos Santos, 58, busca uma vaga faz nove meses. Para ele, o Empregar RS representa uma esperança em meio à escassez de oportunidades no mercado. Desde que ficou desempregado, Santos viu o padrão de vida familiar decair.
“Nunca tinha ficado tanto tempo sem trabalhar”, afirma. Conforme o mecânico, a crise e a falta de empregos só é comparável ao início dos anos 90. Lembra que na época o cenário era ainda mais difícil devido à hiperinflação.
Saionara Ortiz, 20, trabalhava em um cinema até janeiro deste ano. Após a demissão, já entregou mais de mil currículos e não obteve resposta. Para ela, qualquer oportunidade é bem-vinda, independente da área de atuação. “A situação está muito difícil, porque sempre dizem que vão me ligar e no fim não fazem contato.”
Desempregada desde setembro, Nilva Terezinha dos Santos, 46, procura uma vaga para a área de limpeza. Nos dois meses em que esteve sem serviço, buscou economizar o máximo possível, mesmo em despesas básicas, como comida e energia elétrica.
Para Thais Hergessel, assistente de RH da Bremil, o empregar RS é uma boa forma de encontrar profissionais adequados para as necessidades da empresa. “É a primeira vez que participamos e os resultados estão muito bons”, afirma. Segundo ela, o momento também ajuda a divulgar a marca na região.
Falta de qualificação
Conforme o coordenador do Sine, a maior parte dos trabalhadores procura por vagas de auxiliar de produção, ao mesmo tempo em que as oportunidades mais específicas continuam difíceis de preencher. “A concorrência para cargos mais técnicos fica em um ou dois por vaga e, quando se trata de auxiliar de produção, chego a 20 ou 30 por vaga.”
Segundo Santos, as empresas que precisam de auxiliares de produção não farão contratações por meio do Sine neste fim de ano porque estão com os cadastros de reserva cheios. “As vagas disponíveis são para repor demissões, não aumentar o quadro.”
De acordo com ele, a falta de qualificação continua sendo um dos principais entraves nas contratações. Lembra que nos anos anteriores os trabalhadores tiveram muitas oportunidades de qualificação gratuita, principalmente por meio do Pronatec, mas que não foram aproveitadas.
“O mercado estava a todo o vapor e o seguro-desemprego estava em outro sistema, então, as pessoas se acomodaram e não buscaram formação”, afirma. Segundo ele, as empresas da região estão em uma situação estável na comparação com o restante do RS.
Vagas Diretas
Conforme Santos, outra dificuldade que a agência do Sine encontra é em relação às empresas que preferem aceitar indicações de funcionários a abrir processos seletivos com apoio da agência. Para ele, a medida pode resultar em prejuízos. “Se preencher vagas por indicação e as pessoas não derem certo, terão de fazer todo o processo de novo.”
O coordenador afirma que a intenção é fazer com que mais empresas abram vagas por meio do Sine. “Temos a qualificação necessária para fazer uma triagem adequada”, alega. Segundo Santos, se uma empresa abre uma vaga direta, tem de analisar 20 ou 30 candidatos para entrevistar cinco, trabalho que pode ser abreviado com a ajuda da agência.