RGE assume área da AES Sul e promete investir R$ 1 bi

Estado

RGE assume área da AES Sul e promete investir R$ 1 bi

CPFL, detentora da concessionária, assume operações da AES Sul em 21 municípios da região

RGE assume área da AES Sul e promete investir R$ 1 bi
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Na semana em que iniciaram o processo de transição entre as companhias, os dirigentes da CPFL tiveram uma mostra dos problemas da rede. O temporal do dia 1o provocou intenso trabalho das equipes de manutenção para restabelecer o fornecimento em diversas localidades antes atendidas pela AES Sul.

O episódio foi destacado pelo presidente da RGE Sul, José Carlos Saciloto Tadiello. Em entrevista na sede da AES Sul, em Lajeado, Tadielo falou sobre os planos de investimento da companhia na região. “É preciso melhorar a rede. Nunca vimos tantos problemas.”

A defasagem na infraestrutura da região provoca prejuízos frequentes, principalmente na produção primária. Quedas na rede, por sobrecarga ou tempestades, desligam resfriadores de leites, ordenhas mecânicas e sistemas de climatização em aviários.

De acordo com o presidente da companhia, a intenção é aplicar R$ 1 bilhão em três anos, a partir de um estudo já iniciado que apontará os principais gargalos da região. Mesmo antes dos resultados da pesquisa, Tadiello adianta a intenção de substituir imediatamente os postes de madeiras por estruturas de concreto ou fibra.

“A quantidade das trocas dependerá da capacidade de produção das estruturas”, afirma. Segundo ele, na área já atendida pela RGE, o trabalho de substituição das estruturas foi iniciado em 2007 e segue em operação.

Mudanças na conta

A CPFL Energia terá 120 dias para substituir a identidade visual dos ativos da AES Sul para a marca RGE Sul. De acordo com o presidente da RGE, o valor das tarifas e todos os serviços prestados hoje serão mantidos.

As novas faturas continuarão a ser emitidas por e-mail e correios, ou debitadas nas contas correntes dos clientes. “Já temos toda a definição sobre a marca na fatura, nos uniformes, crachás. É uma questão de mandar fazer e implementar no prazo.”

Negócios bilionários

A aquisição da AES Sul custou R$ 1,7 bilhão à CPFL. A empresa também assume uma dívida de R$ 1,1 bilhão, contraída pela antiga concessionária. Com a previsão de investimento de R$ 1 bilhão em infraestrutura, os valores do negócio somam R$ 3,8 bilhões.

Desde 2007, a RGE fornece energia para 1,4 milhão de clientes em 264 municípios gaúchos das regiões Norte e Nordeste. Com a concretização da compra da AES Sul, a CPFL ficará responsável por atender 382 das 497 cidades gaúchas, chegando a 2,7 milhões de usuários.

Ao mesmo tempo em que trabalha na transição das operações da AES Sul, a própria CPFL pode ser vendida. A companhia negocia com a estatal chinesa State Grid, em um negócio de R$ 25 bilhões. Tadiello admitiu as tratativas com os chineses, mas não deu detalhes sobre a negociação.

Presidente da RGE, Tadielo falou sobre investimentos em subestações, sistemas de telecomando e troca de postes de madeira

Presidente da RGE, Tadielo falou sobre investimentos em subestações, sistemas de telecomando e troca de postes de madeira

“Não podemos achar que os problemas estarão resolvidos de uma hora para outra”

A Hora – As frequentes quedas na rede de energia causam prejuízos acentuados na produção primária. Quais as propostas da CPFL/RGE Sul para evitar o problema?

José Carlos Saciloto Tadiello – Nós temos destinados R$ 1 bilhão até 2019. Estamos verificando onde vamos iniciar esses investimentos. Não podemos achar que os problemas estarão resolvidos de uma hora para outra. Precisamos investir em subestações e linhas de transmissão conforme as exigências do mercado. O plano de obras será realizado seguindo diagnóstico já iniciado, e será feito com os colegas da AES Sul, que sabem onde estão os problemas. A prioridade será para os pontos mais críticos.

Uma das principais demandas da região é a ampliação da rede trifásica no meio rural. Existe previsão de investimentos na área?

Tadiello – Isso é um problema em diversos estados. A legislação define como será a rede trifásica e a regra é clara. Não podemos sair fora das regulamentações. Mas o que está na lei é obrigação da distribuidora, e nesse sentido cada caso é um caso. Se tem carga naquela rede monofásica, seguindo a lei, a instalação deve ser custeada em parte pela empresa e em parte pelo interessado. Se for 100% de obrigação da distribuidora, tem que fazer. Nós temos que cumprir a legislação. Se o consumidor não tiver a contrapartida, tem que haver uma forma de viabilizar. Se a lei prevê que a empresa deve pagar 60%, não podemos custear tudo.

O serviço de atendimento ao consumidor também é motivo para reclamações. Existe previsão de mudanças nesse setor?

Tadiello – Temos um modelo nas outras regiões que pretendemos implantar aqui. Regionalizamos o que chamamos de consultores de poder público. São pessoas que atendem de forma diferenciada prefeitos, promotores, câmaras e outros órgãos que recebem demandas da população e representam a comunidade. Para clientes privados, temos carteiras regionalizadas. São consultores para os clientes privados. Na CPFL, temos 32 canais de acesso para os atendimentos de massa. Não é possível dar atendimento personalizado para o grande público, mas tem que dar condições de acesso aos clientes. Com 32 formas de acesso, uma delas atenderá o cliente. Na medida em que vamos conhecendo melhor a companhia e implementando nossas práticas, vamos melhorar.

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