Particularidades femininas: mulheres conquistam espaço no empreendedorismo

Comportamento

Particularidades femininas: mulheres conquistam espaço no empreendedorismo

A empresária Iva Cardinal ministra palestra sobre o tema e analisa o papel da mulher no mundo dos negócios

Particularidades femininas: mulheres conquistam espaço no empreendedorismo
Vale do Taquari
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Facilidade em realizar múltiplas tarefas, cuidado na hora de iniciar um negócio e disponibilidade para trocar informações. Essas são algumas das características femininas que se destacam dentro do empreendedorismo. Esse foi o tema da palestra de Iva Cardinal, uma das idealizadoras da Confraria do Batom, que ocorreu na semana passada na Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) Lajeado.

Segundo ela, a mulher tem cada vez mais tomado espaço na área. “Pesquisas apontam que mais de 50% dos empreendedores hoje são mulheres.” É uma questão de empreender por necessidade, paixão, oportunidade ou por realização profissional, acredita.

Para Iva, cada vez mais se fala em empoderamento feminino. “A ONU Mulher faz um trabalho forte nesse tema, e isso se dissemina em outras iniciativas.” A busca pela igualdade de gêneros é um caminho sem volta, acredita. “Criam-se movimentos individuais estruturados ou com uma entidade grande por trás, que buscam cada vez mais dar poder às mulheres.”

Esse poder significa a capacidade da mulher de tomar as rédeas de sua vida. Ela pode decidir se quer empreender, ser dona de casa, se quer estudar, trabalhar ou ser mãe. “E não se deixar oprimir, seja por ideias, pessoas ou pelo trabalho.” Isso tem muito a ver com o empreendedorismo, acredita Iva. Se a mulher quiser, pode ter seu próprio negócio. Ela deve se sentir capaz ou pelo menos apta a enxergar o caminho que deve seguir. “Seja para buscar parcerias, se preparar para a gestão e procurar quem a apoie financeiramente no primeiro momento .”

Mulher, mãe, empreendedora

Segundo Iva, um movimento evidente dentro do mundo dos negócios, que une o empreendedorismo com necessidades femininas, é formado por mães. Elas buscam empreender por querer uma vida diferente depois de terem filhos. Essas mulheres tinham uma carreira, um trabalho formal e depois de se tornarem mães quiseram mais tempo com seus filhos, flexibilidade de horário. “Isso não se consegue dentro de uma empresa.”

O negócio próprio foi pensado para terem mais liberdade, mas não necessariamente menos trabalho. Por isso, elas identificaram uma oportunidade de negócio a partir de necessidades específicas durante o período da maternidade, relacionadas a esse momento da vida, conta Iva.

Para ela, as mulheres estão cada vez mais empreendendo por se sentirem seguras de si. “Muitas marcas têm falado sobre isso, mudaram até a maneira de se comunicar com o público.” As empresas se voltaram à figura mais realística da mulher, como uma pessoa que sofre e chora, mas é guerreira e alcança degraus importantes de sua vida por mérito próprio. Não se trata mais de uma mulher frágil, e sim empoderada. “Quando você se dá conta que pode ser quem você quiser é uma libertação feminista.”

Mas ainda é difícil para mulher assumir esse desafio. A pressão familiar de que não se pode trabalhar até tarde porque vai deixar os filhos e o marido desassistidos ainda é muito comum. “Existe a dupla jornada, onde ela atende seu empreendimento no horário comercial e ao chegar em casa precisa trabalhar.” Ser uma ótima mulher, mãe, empreendedora de sucesso, linda e saudável é o mito da mulher perfeita. “Isso não existe.”

O evento com a empresária Iva Cardinal ocorreu na CDL Lajeado, durante Ideias que Alimentam

O evento com a empresária Iva Cardinal ocorreu na CDL Lajeado, durante Ideias que Alimentam

Networking especial para elas

A Confraria do Batom, projeto de Iva junto da amiga e empresária Daniela Arruda, surgiu em 2009 sem grandes pretensões. O objetivo era reunir mulheres, fazer um jantar e ao mesmo tempo trocar experiências que enriquecessem suas carreiras. “A ideia era aproveitar o momento de descontração para gerar um conteúdo de qualidade.”

Ela se espalhou entre as amigas das participantes. A falta de momentos como esses atraiu as atenções, acredita Iva. Foi quando perceberam que a iniciativa poderia se tornar um projeto que ocorresse com frequência e seguisse temas específicos. Então, se reuniram e criaram os quatro pilares do projeto. Tratam-se de temas que norteiam as reuniões. São eles: sedução, bem-estar, beleza e independência financeira.

Hoje a confraria tem mais de dez formatos de encontros, cada um de acordo com um dos pilares. O mais incentivado pelo grupo é o da independência financeira, em que falam sobre empreendedorismo, carreira, negócios e networking. A confraria já realizou encontros em Esteio, Gramado, Canela, Lajeado, Estrela e Novo Hamburgo. O próximo destino é Carazinho.

Os parceiros locais, que viabilizam as reuniões em diversos municípios, são mulheres que participaram das primeiras reuniões em Porto Alegre e se interessaram em levar para suas respectivas cidades. Essas pessoas são a voz da confraria em cada região, diz Iva. “A intenção é ter cada vez mais eventos de acordo com o que o público local deseja.”

Nos encontros sobre independência financeira, homens são bem-vindos. Mas o protagonismo sempre será da mulher, atenta Iva. “Ela será a palestrante, a pessoa que apresenta o negócio. O tema é pensado para ela.” Ela conta ser comum receberam homens que vão acompanhar as esposas, e até mesmo quando são convidados para conhecer a iniciativa.

Experiência no mercado

Segundo a diretora comercial Lizete Kronbauer, dedicação, perseverança, planejamento, atenção às mudanças de mercado e muito trabalho são requisitos necessários à qualquer pessoa que deseja ser empreendedora bem-sucedida, independentemente do sexo.

Para ela, ser um profissional exigente consigo mesmo é parte importante. “Eu sempre digo: ‘se fosse fácil todo mundo faria, mas como não é, nós faremos’.” Durante a carreira, ela busca constante desenvolvimento em diversas áreas. Entre elas, liderança, comunicação, visão empreendedora, inteligência competitiva, controle emocional, negociação e autoconfiança.

O papel da mulher dentro do empreendedorismo é fundamental e necessário, acredita Lizete. “Elas estão conquistando cada vez mais espaço e ganhando impulso, e isso é maravilhoso.” Para ela, não só as mulheres têm a ganhar, mas sim a sociedade como um todo.

Para a empresária Inês Deciam, no meio empresarial é muito importante começar com o que se tem. “Às vezes as pessoas têm as ideias, mas têm medo de dar o primeiro passo.” É preciso entender o que se deseja, e aí iniciar o negócio da forma que puder. Segundo ela, não adianta querer ter um capital grande logo de início. “Isso você conquista com o tempo.”

 

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