Excesso de chuva prejudica as lavouras

Vale do Taquari

Excesso de chuva prejudica as lavouras

Produtores replantam áreas de milho e arroz. Emater recomenda cobertura do solo

Excesso de chuva prejudica as lavouras
Vale do Taquari
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O excesso de umidade e os temporais de granizo registrados nas últimas semanas deixam os produtores apreensivos e aumentam os custos com insumos. Na região, o acumulado de chuvas alcançou 424 mm no mês de outubro.

Conforme levantamento da Emater Regional de Lajeado, 137 comunidades, em oito municípios (Arroio do Meio, Bom Retiro do Sul, Colinas, Cruzeiro do Sul, Encantado, Muçum, Roca Sales e Taquari), foram atingidas. Foram verificados danos em lavouras de fumo, milho para grão e silagem, trigo, em pomares de citros, pastagens e estradas.

Em Linha Figueira, Estrela, o produtor Samuel Wermann, 28, precisa replantar 21 hectares de milho destinados à produção de silagem e grãos. O prejuízo passa de R$ 14 mil somente com adubo e sementes.

Na lavoura de Naor Rodrigues, em Boqueirão do Leão, a força da água levou metade dos adubos e fertilizantes aplicados nos 110 mil pés de fumo. “Se não recolocar os insumos, teremos menor produtividade.”

Em Cruzeiro do Sul, foram registrados danos nas lavouras de aipim. De acordo com o técnico em Agropecuária Maurício Antoniolli, áreas inteiras precisam ser replantadas. A suspeita é de que a bacteriose tenha atingido a plantação. “A umidade aliada ao calor é propícia para a doença se desenvolver.”

Outra cultura prejudicada é o arroz. A inundação das lavouras faz com que muitas áreas tenham que ser replantadas. “Agora, dependendo do município, as sementes lançadas correm risco de não germinar”, analisa o presidente da Federarroz, Henrique Dornelles.

De acordo com Alano Tonin, técnico responsável pelas Culturas da Emater Regional de Lajeado, o excesso de umidade atrapalha o plantio da soja, prejudica o crescimento do milho e compromete a qualidade do trigo colhido.

Com o atraso na semeadura, os produtores correm o risco de acumular perdas com a falta de chuvas, prevista para os meses de janeiro e fevereiro. No caso do milho, se o agricultor conseguisse plantar antes, escaparia do período crítico, que é a formação do pendão, quando qualquer estresse hídrico resulta em menor produtividade, explica.

Na região, segundo levantamento da Emater, serão cultivados 14 mil hectares de soja, 350 hectares de feijão, 32,8 mil hectares de milho para grão e 36,3 mil hectares de milho para confecção de silagem neste ciclo.

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Granizo arrasa tabaco

Além da umidade, o granizo destruiu as lavouras de fumo de algumas regiões. Segundo dados da Afubra, até agora, 5,6 mil associados registram perdas. Os municípios com maiores prejuízos são Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Barros Cassal, Vale do Sol e Candelária onde o levantamento inicial da Emater aponta para um prejuízo de R$ 7 milhões.

O coordenador da Defesa Civil, Euclides Rodrigues, diz que em algumas propriedades as perdas são de 100%. “Declaramos situação de emergência. Queremos prorrogar os contratos de financiamentos bancários dos agricultores.”

Comparado ao mesmo período de 2015, o número de lavouras danificadas por granizo é menor. Em outubro de 2015, mais de 26 mil lavouras tinham sido atingidas nos três estados da Região Sul.

Solo protegido

De acordo com o extensionista da Emater-RS/Ascar, Dilovan Pereira, na maioria das lavouras, não há cobertura verde ou palhada sobre o solo, o que favorece a erosão em casos de enxurrada. “A terra é pobre de matéria orgânica. Como isso, qualquer chuva lava os insumos e pouca água é infiltrada.”

O produtor deve se conscientizar que o solo é um ambiente com vida, com diversidade de organismos. É preciso tratá-lo com maior responsabilidade, usando práticas adequadas como plantio direto, correção de acidez, cobertura verde, rotação de culturas, curvas de nível, terraços, dentre outros, de acordo com a necessidade especifica e a realidade de cada propriedade, observa Pereira.

Estragos em números

– 137 comunidades rurais atingidas

– Uma estufa plástica atingida

– 20 açudes/viveiros de piscicultura

– 940 hectares de milho para grão

– 90 hectares de trigo

– Um hectare de bergamota

– Mil hectares de milho destinado para silagem

– 40 hectares de fumo

– 1,1 mil hectares de pastagens

Fonte: Emater/RS-Ascar

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