Procura pela cremação aumenta em até 8%

Vale do Taquari

Procura pela cremação aumenta em até 8%

Religiosidade dos moradores do Vale interfere na decisão por cerimônia de despedida

Procura pela cremação aumenta em até 8%
Vale do Taquari
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Milhares de pessoas vão hoje aos cemitérios para lembrar entes queridos. Na data em que os cristãos celebram o Dia de Finados, uma ação tem chamado atenção. Aos poucos, mais pessoas optam pela cremação.

Em todo país, cerca de 10% das pessoas são cremadas e no RS essa média é mais comum, com aproximadamente 18% das opções de familiares. Os números ainda estão distantes de países como Estados Unidos, com cerca de 36% de cremações, e Japão, onde aproximadamente 90% dos mortos são cremados.

No Vale, o índice ainda é pequeno, entre 6% e 8%. Mas, segundo o gerente da única funerária que presta o serviço na região, Rodrigo Piccinini, a procura vem crescendo. “No início havia um desconhecimento, com o tempo, as pessoas sabem melhor como funciona e preferem esse procedimento.”

Para Piccinini, além de mais divulgação sobre esse tipo de cerimonial, fatores como a falta de espaço para sepulturas em cemitérios incentivam a busca pela cremação. “Especialmente na nossa região, as pessoas têm a cultura do culto ao corpo, com espaço adequado para guardar as urnas isso não se perde.”

Custos equivalentes

O forte traço religioso, marcante no Vale, já foi um dos impeditivos para que mais pessoas aderissem à cremação. Piccinini ressalta que, mesmo nesse formato, o velório e ritos religiosos ocorrem normalmente. “A despedida e celebrações com corpo presente seguem sendo feitas, a única diferença é que após isso o corpo é retirado para ser cremado.”

Como não há crematórios no Vale, os corpos são enviados para Caxias do Sul e depois as cinzas são entregues aos familiares. Esse procedimento leva em torno de uma semana, até que as famílias recebam a urna com os restos mortais.

Outro fator levado em consideração no momento da escolha é o preço. Em média, os custos ficam entre R$ 3 e R$ 4 mil. O sepultamento é mais barato, entretanto, Piccinini destaca os gastos com a sepultura que acabam encarecendo o processo. “O gasto varia muito, mas é um pouco mais barato. Mesmo assim tem o gasto com a manutenção e ornamentação das sepulturas, que acaba deixando os valores próximos.”

O que diz a igreja

Por muitos anos, os católicos se mostravam receosos em cremar seus familiares. O principal motivo é a crença na vida após a morte. Os religiosos temiam que, como diz na oração do Credo, no dia da ressurreição, os cremados não seriam contemplados por não terem um corpo para o espírito.

Apesar do temor dos fiéis, o padre Lucas De Osbel destaca que a igreja nunca proibiu a cremação. “É um dos costumes mais antigos da humanidade. Os povos primitivos já cremavam seus mortos.” De acordo com Osbel, a única restrição feita pelo Vaticano é quanto ao destino das cinzas. “Não havia uma regulamentação, mas na semana passada foi publicada um documento recomendando que as pessoas deixem as urnas com cinzas nos cemitérios.”

A determinação é para garantir um lugar para o culto ao corpo, fundamental na liturgia católica. No entendimento dos religiosos, o corpo precisa ser preservado pois foi “templo de Deus”. Com isso, a igreja veta que as cinzas sejam jogadas no mar ou em jardins, costume bastante comum entre familiares.

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