Instituição que  opera sorrisos

Fala Doutor

Instituição que opera sorrisos

Referência em atendimento de pessoas com fissuras labiopalatais, a FundeF trabalha agora para viabilizar seu hospital

Instituição que  opera sorrisos
Lajeado
oktober-2024

A Fundação para Reabilitação das Deformidades Craniofaciais (FundeF) se tornou referência de atendimento no estado. Só neste ano, atendeu 1.799 pacientes na área de fissura labiopalatal. A instituição reabilita pessoas com má-formação craniofaciais, em especial, com fissuras labiopalatais. Proporciona aos pacientes a integração ao ambiente psicossocial, por meio de tratamento interdisciplinar, que dura, em média, 18 anos ou mais.

A fundação foi iniciada pelo especialista em cirurgias Wilson Dewes. Depois de voltar de uma viagem aos Estados Unidos, em 1979, juntou um grupo formado por pediatra, fonoaudiólogo, cirurgião bucofacial e um psicólogo para operar pacientes com fissuras. Precisava dividir essa tarefa devido à complexidade.

No início, tratava os pacientes no próprio consultório. Aos poucos, o atendimento ganhou maiores proporções. Dewes solicitou a colaboração do Hospital Bruno Born (HBB), pois na época fazia parte da diretoria. Com o apoio e o espaço necessário, iniciou a FundeF.

Quando estavam com um número considerável de pacientes, o SUS credenciou a instituição. Por ser referência, a FundeF recebe pacientes de todos os municípios do RS. Por ter estrutura de entidade, muitas pessoas e empresas começaram a ajudar, sendo necessária a criação de uma diretoria. E aos poucos outros profissionais compuseram a equipe.

Segundo Dewes, quando começou o trabalho, nunca supôs seu alcance social. “A FundeF é minha recompensa profissional.” O médico sempre encarou a medicina como uma profissão capaz de valorizar e ajudar o ser humano. “Essa é minha vocação.” Receber pelo serviço nunca foi sua prioridade. Para ele, o pagamento vem por meio do sorriso da criança e do seu bem-estar.

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Dificuldades

Um dos maiores percalços da FundeF é o espaço destinado aos atendimentos. Todo o custo ocorre pelo SUS, e o credenciamento para a parte cirúrgica é do hospital. Então, o retorno financeiro é pouco, esclarece Dewes. “Por isso, o hospital é obrigado a limitar o atendimento.” Além disso, a demanda cirúrgica é grande, e alguns casos têm que esperar.

Mas há um tempo definido para fazer os procedimentos no paciente fissurado. Em alguns casos, não é possível protelar. “A cirurgia do palato, por exemplo, não pode passar dos 2 anos de idade porque a criança pode ter sequelas.” Esses são casos que têm prioridade. Para cirurgias complementares ao tratamento, da parte estética, há uma grande fila.

Com o potencial da equipe de 60 pessoas, a FundeF poderia fazer cirurgias mais complexas se tivesse a estrutura adequada, diz Dewes. “Não é só a cirurgia, e sim um complexo de atividades relacionadas ao paciente.” Mas, apesar das limitações, o atendimento é de qualidade. “Somos uma das poucas instituições com esse atendimento no Brasil, existem muitos pacientes com deformidade.”

Com o hospital da FundeF, que tem o projeto em andamento, Lajeado teria uma posição de destaque mundial ainda maior, acredita Dewes. Dessa forma, os pacientes também teriam mais conforto e a ciência poderia progredir. Agora, com o curso de Medicina na Univates, uma parceria poderia ser benéfica para ambos os lados, diz o médico.

O projeto consiste em fazer uma instituição particular. Isso não significa que os atendimentos serão particulares (pagos), e sim que os fundos recebidos pelo local serão de fonte privada. Será criado ainda um meio de captação de recursos para que o hospital possa funcionar.

A parte do projeto arquitetônico do hospital está na fase de finalização. Já existe um terreno, e uma parte dele está em aprovação na Secretaria do Meio Ambiente.

Quanto à captação de recursos, Dewes esclarece que o governo federal não pode destiná-los para construções de hospitais de entidades privadas. Pode apenas terminar e equipar um hospital. Por isso, esse será mais um passo de um esforço em conjunto.

2Hospital da FundeF em um futuro próximo

As alternativas para a captação de recursos são várias. Entre elas, está a opção de destinar 6% do Imposto de Renda à instituição. “Em vez de pagar para o governo, a pessoa pode dar à FundeF.” Dewes se mostra otimista quanto à arrecadação de recursos para viabilizar a construção do local. “Devemos ter nosso hospital até no máximo quatro anos.”

O hospital terá apenas um andar, e será um prédio plano. Isso economiza o projeto, pois não terá elevadores. Na cobertura, haverá uma praça que os pacientes podem aproveitar. Na frente do hospital, existirão bambus que, em contato com o vento, produzem som. Tudo para deixar o local aconchegante. O terreno, no bairro Universitário, foi doado pela prefeitura.

Segundo Dewes, o hospital não pode ter menos que 50 leitos, além dos ambulatórios, quatro salas de cirurgia e a área de recuperação dos pacientes. Na parte dos fundos, haverá um painel, onde quem quiser pode doar um pedaço dele. “Isso envolve a comunidade, e traduz a ideia de um trabalho colaborativo.”

O atendimento no hospital sempre será gratuito, por meio do SUS. Alguns profissionais da equipe da FundeF recebem salários ou por caso atendido, mas a maioria trabalha de forma voluntária. Segundo Dewes, é uma questão de vocação.

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