Os contextos de desigualdade e discriminação no município foram debatidos na noite de ontem durante o 7º Fórum de Ensino Superior da La Salle. No evento, foram apresentados os resultados da pesquisa sobre o tema desenvolvida pela faculdade
O reitor da instituição, irmão Marcos Corbellini, apresentou os resultados do estudo que ouviu 399 pessoas em 17 bairros. Os entrevistados responderam a 30 perguntas baseadas em dados estatísticos do censo demográfico de 2010, sobre questões relacionadas a gênero, raça, renda, escolaridade e idade.
A maioria dos entrevistados demonstrou ciência das desigualdades existentes na cidade. Porém, relutou em admitir as disparidades em situações cotidianas. Para o reitor, a população sabe da existência de discriminação, mas não percebe a proporção do problema. “A situação está tão presente que é considerada dentro da normalidade.”
Como exemplo, Corbellini citou a maior facilidade de homens declaradamente brancos em conseguir oportunidade de trabalho na comparação com mulheres e pessoas de outras etnias, mesmo com habilidades e competências semelhantes.
Entre os motivos para a desigualdade, ressalta elementos históricos e culturais resultantes da mistura de etnias do país. Para ele, as migrações alemãs e italianas e as guerras em que a Região Sul esteve envolvida intensificaram os conflitos étnicos e marcaram as gerações.
Após a apresentação dos dados, a jornalista Carine Kruger, do jornal Nova Geração, o diretor de jornalismo do A Hora, Fernando Weiss, o advogado e ex-presidente da OAB Estrela, Daniel Horn, e o secretário da Saúde, Elmar Schneider, debateram sobre os motivos e as consequências dos resultados da pesquisa.
Por fim, os painelistas discutiram medidas capazes de promover a redução da desigualdade na acidade.
Prioridade em educação
A educação foi apontada como uma das grandes ferramentas para alteração no panorama cultural que interfere nos problemas sociais e étnicos. Para os debatedores, a área não pode estar restrita ao espaço escolar, e sim estabelecida como conceito que inclui toda a sociedade.
Para o reitor da faculdade, as concepções culturais estão arraigadas na sociedade e não devem se alterar rapidamente. Segundo ele, promover uma melhor distribuição de renda é um desafio ainda maior, e está atrelado a questões políticas.
Conforme Corbellini, é necessário criar condições para que as pessoas saiam da condição de desigualdade, sem sofrer consequências por serem diferentes. “A população de Estrela se orgulha pelo fato de a cidade ser referência de qualidade de vida, mas tem que ser referência para todos.”
Homens em Vantagem
Os números do levantamentom demonstram a diferença entre os salários pagos aos homens e às mulheres. Conforme os dados, a renda média mensal do público feminino é de R$ 1,08 mil, enquanto a do masculino chega a R$ 1,65 mil.
O estudo mostra ainda que o valor do pagamento não é proporcional ao tempo de estudo de cada gênero. Enquanto 13% das mulheres da cidade têm Ensino Superior incompleto, entre os homens o índice é de 9,9%.
Apesar disso, das 226 pessoas com renda entre dez e 15 salários mínimos, 134 são homens e 92 são mulheres. Entre as 18 pessoas que recebem de 20 a 30 salários mínimos, só aparecem homens.