Produtores exigem preço mínimo pelo leite

Vale do Taquari

Produtores exigem preço mínimo pelo leite

Objetivo é acabar com a constante oscilação do valor pago pela matéria-prima

Produtores exigem preço mínimo pelo leite
Vale do Taquari
oktober-2024

Entidades que representam os produtores de leite do estado sugerem a instituição de um preço mínimo para a matéria-prima, como forma de acabar com a constante oscilação do valor pago por litro de leite.

A proposta é uma reivindicação antiga da Fetag e, mais uma vez, começa a ser debatida com as indústrias e governo federal. Hoje o valor é balizado de forma geral pelas informações passadas pelas empresas e cooperativas.

Conforme o secretário-geral da Fetag, Pedro Signori, o preço referência definido pelo Conseleite e Sindilat não corresponde ao valor ideal a ser pago. “As empresas associadas recebem apenas 50% da produção total gaúcha.”

O presidente Carlos Joel da Silva diz que a entidade sempre discordou dos padrões definidos pelo Conseleite. Usar três níveis – abaixo – dentro e acima do padrão – desqualifica o produto, passa uma imagem pejorativa, aponta. “Quem produz dez litros ou mil por dia precisa ser remunerado de acordo com a qualidade. Hoje pagam por quantidade. Esse equívoco precisa ser corrigido.”

Embora o produtor seja remunerado com base nesses padrões, Signori diz que a matéria-prima não é armazenada nem industrializada de forma separada pela indústria. “É inadmissível termos essa distinção. O que o consumidor pensa quando vê três tipos de valores pagos ao agricultor e na gôndola do mercado essa diferença some”, questiona.

A ideia é fazer uma parceria com a Embrapa e analisar diferentes propriedades, onde o manejo, a tecnologia e a produtividade são distintas para depois reunir os dados e estabelecer um valor mínimo baseado no custo real de produção.

Outra negociação em andamento com algumas cooperativas é antecipar o valor a ser pago. “Hoje o produtor vende o leite e somente 45 dias depois é divulgada a remuneração. É inviável projetar investimentos dessa forma.”

De acordo com Signori, o objetivo é firmar contratos de até três meses no qual conste o preço referência a ser pago, mais um acréscimo por quantidade e qualidade. Entre 2013 e setembro de 2016, a Fetag estima que mais de 30 mil famílias tenham sido excluídas ou abandonaram a atividade em todo estado. A maioria produzia entre 50 e 200 litros por dia.

Segurança para investir

O presidente do STR de Estrela, Rogério Heemann, diz que a oscilação do preço faz com que mais famílias desistam da atividade leiteira. “É necessário e urgente definirmos um preço mínimo. Hoje ninguém sabe o quanto vai ganhar pelo leite entregue. Como planejar um novo investimento?”, questiona.

Heemann calcula um custo de R$ 1,29 por litro produzido, enquanto a média pago ao produtor ficou em R$ 1,20. “No mês de outubro, a cotação ficará abaixo de R$ 1. Assim fica difícil continuar.”

No município, são produzidos em média 40 milhões de litros por ano. Com a queda de até R$ 0,40 por litro, deixou de circular na economia local em torno de R$ 1,3 milhão. Os reflexos negativos da crise leiteira serão debatidos em audiência pública no dia 9 de novembro, na câmara de vereadores. Dezenas de produtores participaram da sessão na segunda-feira para destacar os problemas enfrentados e cobrar apoio do Legislativo.

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