Detentos do Presídio Estadual de Lajeado auxiliam nas obras de melhoria do Parque do Imigrante. Atuam no palco da 20ª Expovale faz cerca de três semanas. Eles participam de um projeto de reinserção social, idealizado pelo Conselho da Comunidade, por meio do qual podem trocar o trabalho pela diminuição da pena.
O serviço é coordenado pelo empresário Léo Katz, responsável também pela infraestrutura da Expovale e coordenador das obras da Associação Lajeadense Pró-Segurança Pública (Alsepro). Ele tem autorização para encaminhar os presos a diferentes atividades na área da construção civil. “Está maravilhoso. Muito a contento. Eles estão felizes por fazer algo pela comunidade, mas pena que sejam só cinco ou seis, queria muito mais.”
Uílson Luis Santanna, 39, é um dos presidiários que integra o projeto. Ele e outros quatro realizaram ontem a pintura e lavagem externa dos pavilhões do parque. “Está sendo bem interessante. Saímos de um espaço fechado, para ajudar as pessoas, depois do mal que fizemos”.
Preso faz quatro anos por assalto, ele sabe que os ganhos da remissão de pena vão muito além da diminuição dos dias de cárcere.
Caso não estivesse trabalhando, ele ficaria preso com outros 20 homens numa cela fechada. Agora, pronto para entrar no regime semiaberto, vê novas perspectivas. “Não tinha muita experiência, fiz um curso dentro da cadeia, e agora estou trabalhando aqui. Acho que pode ser uma opção”, afirma.
A pintura dos pavilhões é um dos serviços. Seis detentos trabalham faz cerca de três semanas nas reformas no parque
Dia a dia
O agente penitenciário Claudiomir Damião Comassetto é quem acompanha os detentos fora do presídio, A presença dele é exigida pela Lei de Execução Penal. Ele acredita que a iniciativa traz inúmeros benefícios, e, até agora, mostrou-se viável.
“É tranquilo. Nunca tivemos problemas. Sempre tivemos retornos positivos, pois eles são dedicados e realizam o serviço do início ao fim”. Após a avaliação de um psicólogo e de um assistente social, seis detentos foram liberados pelo juiz Paulo Meneghetti, da 2ª Vara Criminal de Lajeado, para trabalhar fora do presídio.
O projeto vai longe
Além da pintura, os presos fizeram serviço de alvenaria, reparos no piso e no teto dos pavilhões. Antes disso, já haviam construído o Presídio Feminino de Lajeado, reformado praças e creches da cidade. “Quero ir muito longe com este projeto, ter liberdade para melhorar outros locais, e manter a parceria com o novo gestor”, afirma Katz. A Apama deve ser a próxima beneficiada com a iniciativa.
Prontos para a feira
Com a ajuda dos encarcerados, o presidente da 20ª Expovale Alex Schmidt acredita que a estrutura do parque ficará pronta a tempo. “A chuva nos atrapalhou um pouco, mas está tudo encaminhado”. Ele afirma que tem visto o trabalho feito pelos presidiários e percebido uma equipe qualificada. “É uma forma de dar oportunidade para quem tem conhecimento, e também pra quem não tem. Ao mesmo tempo que nos ajuda, dá um empurrão na ressocialização deles”.
Empresas terceirizadas e servidores do município também auxiliam no serviço. A montagem básica dos estandes já foi iniciada ontem, para que no dia 1º estruturas personalizadas sejam colocadas.
No dia 11, inicia de fato a feira, que segue até o dia 20. A previsão é que em torno de 270 organizações participem da feira industrial, comercial e de serviços. Além da exposição, haverá apresentações, eventos técnicos e shows durante a programação.
A Expovale é uma realização da Acil e Governo de Lajeado. Tem o patrocínio de Fruki Guaraná e Rede Imec de Supermercados, e apoio de Farmácias São João, Bremil, Florestal Alimentos, Cervejaria Salva, Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo, Banrisul, Banco do Brasil e Corsan.
