A colheita de trigo na região alcança 5% da área. Levantamento da Emater aponta para uma produtividade média de 2.462 quilos por hectare. Conforme Alano Tonin, técnico responsável pelas Culturas da Emater Regional de Lajeado, foram cultivados neste ciclo 1.751 hectares. Faltou semente e por isso muitos produtores deixaram de apostar na cultura, aponta.
A maior preocupação é com o retorno das chuvas a partir de hoje. Segundo Tonin, a qualidade do grão nas lavouras prontas para a colheita pode ser comprometida. “A umidade aliada à alta temperatura favorece a germinação.”
No caso das áreas em fase de maturação, o excesso de umidade pode favorecer o aparecimento de doenças fúngicas. Em todo estado, foram cultivados 780 mil hectares, cuja rentabilidade alcança três mil quilos por hectare. Por enquanto, 70% do trigo está na fase de enchimento de grãos e 15%, em maturação.
A frustração fica por conta do valor recebido pela saca de 60 quilos – R$ 33 abaixo do preço mínimo, que é de R$ 38,65. Entre os motivos para a queda, está o aumento da importação. De janeiro a agosto de 2016, foram importadas 221,85 mil toneladas de trigo de Argentina, Paraguai e Uruguai – quase oito mil toneladas a mais do que no mesmo período de 2015.
Conforme o presidente da FecoAgro, Paulo Pires, a liberação de R$ 150 milhões pelo governo federal ajuda a escoar até um milhão de toneladas. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) manifestou interesse das indústrias de aves e suínos em comprar trigo para abastecer as criações. “Precisamos ter agilidade nas decisões para garantir bons preços ao produtor na hora da venda”, finaliza.
Da lavoura para o silo
O produtor Erson Bunecker, de Cruzeiro do Sul, espera colher uma média de 50 sacas por hectare. Apesar da boa qualidade do grão, o preço desestimula. Há dois meses, pagavam até R$ 55 por saca de 60 quilos. Agora, caiu para R$ 33, lamenta.
Para conseguir um melhor rendimento, Bunecker deve estocar parte do cereal colhido. Outra preocupação é com o excesso de umidade. “Se chover mais e registrarmos ventos fortes, podemos ter perdas”, adianta. Apesar do retorno financeiro ficar aquém do esperado, cita que a cobertura deixada pela cultura é benéfica para a safra de verão, que começa a ser semeada em novembro.
Com a previsão de precipitações com menor intensidade nos próximos meses, a preocupação é aumentar a reserva de água no solo. “Com boa palhada, a soja consegue aguentar mais tempo em caso de estresse hídrico”, ensina.
Chuva e abafamento
O Centro de Informações Meteorológicas da Univates prevê pancadas de chuva, por vezes, intensas durante o dia de hoje. A instabilidade prossegue amanhã e quinta-feira. O volume alcança até 40mm. A sensação será de abafamento. Na sexta-feira, o tempo abre e as mínimas podem chegar a 10 oC.