União proíbe uso de leite em pó  importado para fazer longa vida

Vale do Taquari

União proíbe uso de leite em pó importado para fazer longa vida

Medida favorece mercado nacional e ameniza crise no setor leiteiro

União proíbe uso de leite em pó  importado para fazer longa vida
Vale do Taquari
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O governo federal reeditou nessa sexta-feira a portaria que permite a venda de leite reidratado, mas define que o processo de reconstituição do produto a partir de leite em pó seja feito apenas pela indústria brasileira e com produto nacional.

A portaria foi alterada após pressão de líderes do segmento lácteo e produtores do Sul do RS, que foram prejudicados com a entrada de leite em pó uruguaio para ser reidratado, basicamente por indústrias de estados nordestinos.

O anúncio é recebido com otimismo pelo produtor Sérgio Barth, de Estrela. “Foi por este descontrole que o preço caiu tanto.” No último mês, o valor do litro chegou a R$ 1,37, uma queda de R$ 0,31, comparado com setembro. Por dia, a família comercializa 1,5 mil litros.

Barth também migrou para outra cooperativa após 36 anos. Segundo ele, foi uma medida para diminuir as oscilações do preço verificadas nos últimos 12 meses. “O sistema de produção associativo e a divisão maior dos lucros foram outros atrativos.”

Ao lado de outras quatro famílias, o casal atua no cultivo de grãos e criação de aves (130 mil por lote). “Somos todos parentes. Com boa oferta de mão de obra e a propriedade diversificada, conseguimos bons resultados.”

Para Barth, o investimento da Lactalis para o município de Teutônia é positivo para a cadeia. “Precisa haver concorrência. Acredito que o produtor sempre vai escolher quem melhor remunerar ou oferecer as melhores vantagens. Até o momento, são os que mais baixaram o preço.”

O controle rigoroso dos gastos é outro diferencial. Tudo é registrado em uma planilha, atualizada mensalmente. Barth também faz pesquisa para compra dos insumos, analisando critérios de qualidade e preço.

Otimismo

O secretário-geral da Fetag, Pedrinho Signori, diz que a decisão do governo deve favorecer a produção de leite no estado. Destaca o encaminhamento de outras medidas para amenizar o efeito negativo da crise.

Uma delas é a taxação em 18% sobre o leite importado de outros estados, a liberação de linhas de crédito e prorrogação das dívidas. “Entenderam a gravidade da situação e foram solidários.”

Outra medida que deverá ser adotada pelo governo federal é a compra da produção excedente de leite para a distribuição por meio dos programas sociais da União. De acordo com Luciano Carminatti, coordenador da Regional Vale do Taquari, o momento é de união, de transparência para viabilizar e garantir a cadeia produtiva de leite no RS.

“Medida ajuda, mas não resolve”

O presidente da Cooperativa Languiru, de Teutônia, Dirceu Bayer, cita que ambos os pleitos foram debatidos em reuniões com representantes da indústria e produtores, encaminhados a deputados gaúchos e cobrados do governo federal. “Resolve parte do problema, mas não é a solução. Se for feita a reidratação, que seja com leite do nosso produtor e não importado.”

Cobra a fixação de cotas para importar leite do Uruguai, a exemplo do que foi definido com a Argentina. Para Bayer, o maior prejuízo foi causado pelo aumento de 85% das importações de leite em pó do Mercosul nos últimos meses.

Isso refletiu na baixa do preço pago ao agricultor e derrubou as vendas na indústria.

Critica o governo por não regular o mercado. Cometeram uma injustiça com o produtor que se preparou, investiu e ampliou a oferta e do dia para noite amarga grandes perdas, desabafa. A cooperativa processa diariamente 440 mil litros de leite, recolhidos de 1,8 mil associados.

Bayer cobra do governo federal uma política para regular a oferta de milho. A Languiru importou nesta semana 15 mil toneladas do cereal da Argentina. Foram investidos R$ 15 milhões. “Por uma irresponsabilidade do governo e da Conab, não se fez uma reserva, exportamos em excesso e depois os custos no setor de carnes dispararam. Precisamos rever isso”, finaliza.

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