Pesquisa aborda prevenção a enchentes

Vale do Taquari

Pesquisa aborda prevenção a enchentes

Estudo é baseado em cheia que devastou Marques de Souza em janeiro de 2010

Pesquisa aborda prevenção a enchentes
Vale do Taquari
CCR-aviso-ponte

Períodos de chuva forte provocam cheias nos rios da região e suscitam discussões sobre sistemas de monitoramento e alerta capazes de minimizar os prejuízos da população atingida.

Intitulado Modelagem, análise espacial e diretrizes para ocupação de áreas suscetíveis a enxurradas e corridas de detritos na bacia hidrográfica do rio Forqueta, RS, estudo coordenado pelo professor Guilherme Garcia de Oliveira, da Univates, visa compreender as causas das cheias e estabelecer mecanismos de prevenção.

O estudo tem como base a enxurrada registrada em Marques de Souza em janeiro de 2010. De acordo com Oliveira, a compreensão do fenômeno representa um desafio para a ciência. Em pouco mais de 30 minutos, a enxurrada deixou cerca de cem famílias desabrigadas e inundou 60% do perímetro urbano.

“Existem ainda muitas duvidas sobre o caso, mas é consenso que não foi um episódio normal, devido à velocidade da enxurrada”, relata. Segundo ele, apesar de nenhuma pessoa ter morrido no desastre, as circunstâncias poderiam ter ocasionado tragédias ainda maiores.

“A sorte é que foi em uma segunda-feira à tarde e os campings estavam vazios”, lembra. Porém, ressalta a morte de frangos, suínos e os prejuízos nas plantações em diversos municípios lindeiros.

A pesquisa utiliza imagens de satélite, por meio do aplicativo Google Earth, para comparar a região antes e depois da enxurrada. Além disso, foram entrevistados moradores, realizadas medições de vazão em campo e modelagem hidrológica para simular os efeitos das chuvas nos rios Fão e Forqueta.

“Foram verificadas 140 cicatrizes em imagens de satélite, ou seja, movimentos de massa em áreas remotas de Fontoura Xavier e Barros Cassal no mesmo dia”, ressalta. De acordo com o pesquisador, as precipitações chegaram a mais de 300mm.

Com a força da enxurrada, centenas de toneladas de detritos foram transportadas ao Rio Fão. “Uma das pontes acumulou esses detritos, formando uma barragem natural, inclusive com sedimentos de grande porte, como blocos de rocha.”

No momento em que a ponte ruiu, foi gerada uma grande onde de água, árvores e detritos, com até quatro metros de altura. Conforme o professor, na época, os moradores da área chamaram o fenômeno de “tsunami do rio”.

Conforme o pesquisador, a próxima meta é sobrevoar a área com um drone para fazer um mapeamento mais refinado da planície inundável. Também serão buscadas parcerias internacionais para o estudo, que tem a colaboração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

Planejamento

Após compreender o desastre, o projeto de pesquisa busca formas de contribuir com o planejamento regional e a sustentabilidade no meio rural. A intenção é promover alternativas de compatibilizar a agroindústria e o turismo de forma sustentável.

“Com o estudo e os sistemas de alertas, teremos gestão do risco e do pós-desastre, aumentando a resiliência da população”, aponta. Conforme Oliveira, também é possível repensar o espaço rural reduzir custos referentes à reconstrução de casas e perdas agrícolas.

“Hoje, o que observamos é que há muitas famílias que têm levado de três a quatro anos para se reerguer economicamente”, alerta. De acordo com Oliveira, os resultados preliminares mostram que não há relação entre a existência de uma barragem no rio e o episódio da enxurrada.

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