Outubro rosa conscientiza  sobre câncer de mama

Fala Doutor

Outubro rosa conscientiza sobre câncer de mama

O mês é marcado por campanhas de prevenção. O acompanhamento médico e o conhecimento sobre o próprio corpo são bandeiras da Liga de Combate ao Câncer

Outubro rosa conscientiza  sobre câncer de mama
Vale do Taquari
CCR-aviso-ponte

Doações de cestas básicas e suplementos alimentares a pacientes de câncer estão entre as atividades da Liga de Combate ao Câncer de Lajeado. Mas as voluntárias vão além e, durante as visitas hospitalares realizadas todos, o objetivo é dar apoio a quem precisa. Por meio de mensagens positivas, orações e conversa, as voluntárias cumprem seu papel e mostram aos pacientes que eles têm com quem contar no momento de dificuldade.

Segundo a presidente da Liga de Lajeado, Fabiani Delazzeri, a doença atinge não apenas o paciente, mas mexe com a vida de toda a família. Por isso, todo apoio é bem-vindo. Ela conta que a intenção da Liga é desmistificar a ideia de que o câncer só existe em outubro. “Todo dia é dia de se prevenir.” E o trabalho tem sido efetivo. “Recebemos um feedback muito positivo, tanto dos pacientes quanto dos médicos e enfermeiros.”

Parte do dinheiro arrecadado pela Liga é utilizada para compra de suplementos alimentares, doados a pacientes de câncer do SUS, com encaminhamento de médico e nutricionista. O produto é consumido durante o pré-operatório a fim de fortalecer o paciente para enfrentar a cirurgia. O resultado é visto no pós-operatório, quando se recupera mais rapidamente.

Participação da comunidade

Neste mês de outubro e também em novembro, a Liga cumpre agenda cheia de atividades. As camisetas em alusão ao mês de prevenção ao câncer de mama e ao novembro azul são uma forma de divulgar o trabalho da Liga, acredita Fabiani. “Muitas pessoas não conhecem nosso trabalho ainda.”

O Sebo e Bazar da Solidariedade ocorre todo segundo sábado do mês, na Júlio de Castilhos, em frente à Caixa Econômica. Lá é possível adquirir as camisetas da Liga, além de guarda-chuvas e artesanatos produzidos pelas voluntárias. Os livros encontrados no sebo são coletados na comunidade e vendidos a preço simbólico.

No dia 8 de novembro, será realizado o Leilão de Artes de Nicolas Bublitz em que parte do valor será destinada à Liga. No dia 25 daquele mês, ocorre a caminhada das sombrinhas, em alusão ao Dia Nacional do Combate ao Câncer. Nos dias 25, 26 e 27, abre-se o Grande Bazar da Liga no Shopping Lajeado. Durante a Expovale, a Liga estará presente em uma tenda externa.

Quem deseja ser voluntário precisa preencher um formulário simples. No Sicredi, há opção de débito em conta, a partir de R$ 10. No Banrisul, o doador deve dirigir-se à sua agência bancária para doar. A Liga recebe três tipos de voluntariado: dos contribuintes, dos que participam efetivamente da produção de artesanatos e no sebo e bazar e dos que participam de eventos, como palestras e a Expovale.

auto-examePrevenção é a palavra-chave

Segundo o médico oncologista, Rafael Seewald, existem hábitos que protegem do câncer de mama e ajudam a manter a saúde. Entre eles, exercícios físicos, boa alimentação e práticas saudáveis em geral.

A Hora – O que causa o câncer de mama? Há fatores de risco?

Rafael Seewald – Como todos os tipos de câncer, a origem da doença está em mutações que ocorrem no DNA das células do paciente. Isso faz com que elas se multipliquem de forma descontrolada. Ao falar de câncer de mama, a maioria dos casos se origina de mutações ocorridas ao longo da vida do paciente. Os diversos fatores de risco são implicados, sendo que os hormônios parecem desempenhar papel fundamental.

Algumas mutações são herdadas geneticamente, e aumentam o risco de desenvolver de câncer, incluindo o de mama. É o caso das mutações dos genes BRCA1 e BRCA2, que ficaram conhecidas a partir do caso da atriz Angelina Jolie. Nesse, o risco do desenvolvimento do câncer de mama é de mais de 50% ao longo da vida.

Quais os sinais ou sintomas da doença?

Seewald – Os sinais e sintomas da doença são diversos. Diante de qualquer suspeita, a pessoa deve procurar auxílio médico. Entre os achados sugestivos de malignidade estão: nódulo único endurecido, abaulamento na mama, inchaço ou vermelhidão da pele da mama, inversão do mamilo, espessamento ou retração da pele ou do mamilo, sensação de nódulo na mama ou na axila, dor na mama, saída de secreção sanguinolenta ou clara (água de pedra) pelos mamilos.

Qual a importância do auto-exame e consulta regular com médico?

Seewald – O auto-exame de forma isolada não é recomendado. Ele pode gerar dúvidas e angústias aos pacientes. A consulta regular com o médico é de suma importância, pois nela há a avaliação do risco de a paciente desenvolver o câncer de mama. Além disso, discute-se a melhor estratégia para rastreio da doença, quais exames serão realizados e em qual idade serão iniciados.

Qual o tratamento para o câncer de mama?

Seewald – Não existe um tratamento universal para o câncer de mama. Isso é decidido levando-se em consideração o estágio da doença, diagnóstico, características patológicas, resposta presumida a hormônios e, cada vez mais presente, a análise molecular do tumor. De maneira geral, o tratamento é multimodal, sendo utilizado cirurgia, quimioterapia (antes ou após a cirurgia), radioterapia e hormonoterapia.

Nos últimos anos, houve evolução no tratamento do câncer de mama. Aqueles casos diagnosticados em fases iniciais têm mais de 95% de chance de cura. Mesmo nos casos avançados, com metástases em outros órgãos, hoje os pacientes vivem anos após o diagnóstico devido ao desenvolvimento de novas medicações.

Existe prevenção ao câncer de mama?

Seewald – Alguns fatores protegem contra o desenvolvimento do câncer de mama. A manutenção de um peso saudável, a prática de exercícios e a amamentação são medidas úteis e eficazes na prevenção do câncer de mama.

Em pacientes com alto risco de desenvolver a doença, o uso de medicações específicas pode reduzir o risco, prevenindo-a. Em pacientes com mutações do gene BRCA1 e BRCA2, a cirurgia de retirada das mamas reduz o risco da doença. Sempre consulte seu médico para discutir essas indicações.

Rafael Seewald, médico oncologista.

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