Cosplay: da fantasia à personificação

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Cosplay: da fantasia à personificação

Trajar e interpretar os personagens favoritos é parte da cultura geek, cujo foco é a admiração por videogames, quadrinhos, filmes e séries

Cosplay: da fantasia à personificação
Vale do Taquari

E se você pudesse ser Batman, Lara Croft ou Rick Grimes por um dia? O ato de fantasiar-se de um super-herói, de um personagem de jogo de videogame ou de um protagonista de série é prática impensável para muitos. Mas ganha cada vez mais adeptos no país e tem nome certo. O cosplay, junção das palavras costume (fantasia) e roleplay (brincadeira ou interpretação), chegou ao Brasil na década de 1980, mas foi só nos anos 90 que tornou-se mania popular.

É nos eventos voltados à cultura nerd e geek (com temática de animes, mangás, jogos, quadrinhos, filmes e séries) que os cosplayers se encontram e competem entre si para descobrir quem tem a melhor fantasia. Alguns vão além e encarnam os personagens no palco em interpretações teatrais. A aceitação e popularização da prática se deve à internet, onde há fácil acesso ao passo a passo da produção dos cosplays, além da facilidade de descobrir os eventos.

Apesar de ainda pouco difundido na região do Vale do Taquari, o cosplay virou parte da rotina da encantadense Mirella Bertinatti, 25. A fascinação surgiu ainda na infância, quando admirava personagens, principalmente de animes e jogos. Quando pequena, Mirella costumava fazer roupas de papel pintadas com giz de cera. Em 2008, descobriu o “mundo” do cosplay e os encontros que reúnem os amantes dessa cultura.

Geralmente, todo evento dedicado à cultura geek tem na programação um concurso de cosplays. A competição é dividida em duas categorias: apresentação (interpretação) e desfile (avaliação do visual). Nos últimos anos, Mirella alcançou o pódio de quase todos os desfiles que participou. Na Comic Con Experience, maior evento de cultura geek do país, chegou à final do concurso.

Hoje, as inspirações para os cosplays não são muito diferentes daquelas da infância. A maioria vem de animes, videogames e séries. Mirella lembra sempre de dois quesitos ao escolher um personagem para representar: simpatia a ele e gosto pelos trajes.

Trabalho árduo

As roupas, acessórios e até armaduras necessárias para os cosplays são todas produzidas por Mirella. Antes de iniciar um projeto, busca por imagens de referência e esquematiza como tudo será feito. A internet é uma grande aliada. Basta pesquisar para encontrar tutoriais ensinando o passo a passo de como fazer, quais materiais usar, como estilizar perucas e técnicas de pinturas e maquiagem, conta ela.

Os materiais mais básicos, como tecidos e tintas, são encontrados na região. Mas o mais usado na produção de armaduras, um termoplástico chamado worbla, não é fabricado no Brasil. Quando não encontra um revendedor, Mirella importa.

O namorado é grande incentivador. É ele quem tira as fotos que Mirella publica no Facebook, onde tem mais de 20 mil curtidas. O irmão também “entra no jogo”. Por estudar na região de Pelotas, fica encarregado de procurar materiais para a produção das fantasias de Mirella.

Nos últimos anos, a encantadense dedicava a noite e os fins de semana à produção dos cosplays. Mas a rotina ficou pesada. Estava até dormindo menos. Desde o mês passado, Mirella abriu mão de meio turno do trabalho como comerciante para se dedicar ao que realmente gosta. No futuro, planeja tornar os cosplays uma profissão.

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