Produtores de leite organizam protestos

Vale do Taquari

Produtores de leite organizam protestos

Líderes negociam com o governo redução das importações e saídas para crise

Produtores de leite organizam protestos
Vale do Taquari
oktober-2024

A Regional Sindical do Vale Taquari reúne hoje produtores, prefeitos, secretários da Agricultura e demais entidades ligadas ao setor lácteo para analisar o resultado das audiências com o governo federal e traçar estratégias para amenizar o prejuízo causado pela queda brusca no preço do leite.

Conforme a presidente do sindicato de Teutônia e Westfália, Liane Brackmann, a reunião ocorre na sede da entidade. “Caso o governo não anunciar medidas cabíveis para nos ajudar, iremos organizar protestos na frente das indústrias, das cooperativas e do Mapa em Porto Alegre. Se não for com diálogo, será na base da pressão.”

O preço de referência do leite divulgado nessa terça-feira pelo Conseleite indica nova queda. Para este mês, o valor é de R$ 0,95, redução de 4,58% em relação ao consolidado de setembro, que fechou em R$ 0,99.

Liane critica a nova baixa e diz que muitos produtores fizeram altos investimentos em infraestrutura para aumentar a oferta e agora acumulam perdas. “Fizeram isso porque a indústria prometeu um preço estável. Agora precisam se desfazer do patrimônio para honrar as dívidas. O custo por litro produzido passa de R$ 1,29. Quem pagará essa diferença?”, questiona.

O presidente do Conseleite e do Sindilat, Alexandre Guerra, argumenta que é preciso considerar que, na ponta, as indústrias pagam mais do que isso por litro uma vez que há remuneração adicional por qualidade e quantidade.

Guerra apontou a interferência do mercado internacional no contexto nacional e salientou que o leite em pó importado foi o “grande vilão”. “Não baixamos porque queremos. É porque o mercado se autorregula pela lei da oferta e da procura”, explica.

Formação de cartel

A Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil) suspeita de formação de cartel entre algumas indústrias. Segundo o presidente Jorge Rubez, o aumento da oferta e a queda de preços não justificam a importação de produtos lácteos. “Se o Brasil importa é porque falta leite no mercado. Se falta leite, as indústrias não poderiam pagar tão pouco.”

O vice-presidente do Conseleite, Jorge Rodrigues, lembrou que o aumento substancial do produto foi decorrência da falta de leite no mercado brasileiro, com picos em junho e julho, e, agora, a queda é inevitável. “O mercado de leite é São Paulo e Rio de Janeiro. Quando começa a safra em Minas Gerais e Goiás, o volume impacta todo o mercado, o que se agrava com a importação de leite do Uruguai”, pondera.

Rodrigues disse que criar cotas específicas ao Uruguai é difícil neste momento. A sugestão é delimitar um teto para as importações nacionais, independente da origem do leite adquirido. Segundo o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, “é preciso trabalhar com o governo reforçando a questão social. Trabalhamos com livre mercado, mas precisamos de um acordo privado que limite as aquisições”, destaca.

Audiência em Brasília

Os deputados Heitor Schuch e Elton Weber se reuniram com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, ontem. Destacaram que as importações motivaram a forte queda no preço do leite e deixaram milhares de famílias com saldo negativo.

De janeiro a setembro deste ano, ingressaram 182,23 milhões de quilos de produtos lácteos no país contra 96,62 milhões no mesmo período de 2015, um aumento de 88,6%. “A situação está crítica, um produtor que há dois meses recebia R$ 1,70 hoje ganha R$ 1,20”, comenta Weber.

O parlamentar sugeriu ao governo encaminhar um acordo comercial com o Uruguai, baseado nas importações entre 2013 e 2015, garantindo ao Brasil uma programação de produção na entressafra, o que permitiria reduzir a variação de preço ao produtor e garantiria maior renda. Outra medida seria a compra governamental para enxugar mercado.

Acompanhe
nossas
redes sociais